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Rui Rio enviou comitiva de apoiantes à China em viagem a convite do PC Chinês

Este artigo tem mais de 5 anos

Novo líder da distrital de Santarém e um dos maiores caciques de Lisboa, que já tinham ido à China com Huawei, integram comitiva liderada por David Justino à China. Todos apoiaram Rio.

Rui Rio recebeu o embaixador chinês em Lisboa a 4 de abril e defendeu que país devia estreitar "ainda mais" relações com a China
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Rui Rio recebeu o embaixador chinês em Lisboa a 4 de abril e defendeu que país devia estreitar "ainda mais" relações com a China

Rui Rio recebeu o embaixador chinês em Lisboa a 4 de abril e defendeu que país devia estreitar "ainda mais" relações com a China

O PSD foi convidado pelo Partido Comunista Chinês para uma viagem de 10 dias à China, no âmbito do diálogo que o partido quer manter com vários outros partidos do mundo. Rui Rio aceitou o convite e mandatou um vice-presidente, David Justino, para liderar uma comitiva de 12 pessoas, na viagem que começou no domingo, 20 de Maio.

Entre os nomes já conhecidos que compõem a delegação do PSD à China, há opções menos evidentes, incluindo  militantes das segundas linhas do partido e outras figuras identificadas como caciques.

Em comum têm o facto de serem figuras que foram importantes para o trajecto de Rio, mas que passam despercebidas a nível nacional. O líder do PSD terá justificado as escolhas, precisamente, com a ideia de dar mais voz ao interior

Do que se conhece da comitiva, identifica-se apenas uma ligação, e ténue, à China: dois membros que já tinham ido a Shenzhen, a convite da tecnológica Huawei em 2017.  É o caso do novo líder da distrital de Santarém, João Moura, e do antigo líder interino do PSD/Lisboa, Rodrigo Gonçalves.

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Rodrigo Gonçalves, que também apoiou Rui Rio, numa viagem à China feita a convite da Huawei no início de 2017 onde esteve o agora líder da distrital de Santarém, João Moura (à direita dentro do círculo).

A escolha de David Justino, presidente do Conselho Estratégico Nacional, para liderar a comitiva é natural, mas a ala do partido crítica de Rui Rio, vê falta de critério nas restantes escolhas. “Rio optou por escolher pessoas que nada têm a ver com Relações Externas ou com a China, como uma espécie de prémio por o terem ajudado, alguns são os caciques locais que o ajudaram nas diretas”, diz um deputado social-democrata ao Observador.

Um outro deputado, igualmente crítico da atual direção, diz que “a comitiva devia ser, tecnicamente, mais bem preparada, até em nome do interesse nacional.”

Rodrigo, o ex-todo poderoso de Lisboa

Rodrigo Gonçalves, apontado como um dos maiores caciques de Lisboa, seguiu na comitiva à China. Embora não tenha ganho as eleições à concelhia — que se realizaram no mesmo dia das diretas — Rodrigo foi o grande apoiante de Rui Rio no distrito de Lisboa. Muitos dos votos que o portuense obteve na capital, deve-os a Rodrigo Gonçalves.

O antigo líder interino do PSD, Lisboa, já tinha ido a convite da Huawei à China em 2017, e na altura explicou ao Observador que foi na qualidade de “empresário e dirigente do PSD.” Agora, seguiu a convite de Rui Rio e David Justino. Na terça-feira terá mesmo oferecido um livro seu (Política de A a Z) ao vice-Ministro do Departamento Internacional do PCC,  Qian Hongshan. O próprio Rodrigo Gonçalves descreveu este encontro como “um momento de partilha de experiências onde se percebeu claramente a forte aposta da abertura da China ao mundo e os seus benefícios nos últimos anos”.

Rodrigo Gonçalves na China com o vice-Ministro do Departamento Internacional do PCC, Qian Hongshan. Foto do Facebook de Rodrigo Gonçalves

O empresário agrícola de Ourique

Da comitiva também faz parte, por exemplo, Gonçalo Valente, um dos dinamizadores da candidatura de Rui Rio no distrito de Beja e que já foi presidente da concelhia do PSD de Ourique. Em declarações a uma rádio local de Beja, a Rádio Pax, Gonçalo Valente prometeu que tudo ira “fazer para que esta presença não seja meramente turística“.

Gonçalo Valente viu no convite, segundo contou à mesma rádio, um “sinal de como o presidente quer valorizar os territórios de baixa densidade”. O social-democrata disse à Rádio Pax que poderia ser uma “mais-valia” para a região do Alentejo porque a China é uma “potência que tem crescido exponencialmente” e a região tem “produtos endógenos que poderão ser considerados por empresas chineses para exportação. Estando lá uma pessoa da região, essas parcerias serão colocadas em cima da mesa. E serão potenciadas e valorizadas”.

O social-democrata pode ser o grande opositor do atual presidente da distrital, João Guerreiro, que apoiou Santana Lopes, nas eleições da distrital que se realizam no final do ano. Rio mostra aqui estar também atento à estrutura.

Os responsáveis pela vitória em Braga

O deputado Rui Silva, eleito pelo círculo de Braga, também segue na comitiva. A luta em Braga foi renhida, mas Rui Rio venceu por 69 votos. O facto de Rui Silva ser presidente da concelhia de Vila Verde — a terceira com mais votantes no distrito nas diretas, à frente de Braga e Guimarães — foi um dos elementos fundamentais para a vitória de Rio. Rui Silva era uma escolha mais óbvia para ir à China: é membro da Comissão de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas e da Comissão de Defesa Nacional.

Outro dos responsáveis pela vitória no distrito foi Hélder Filipe Costa, da concelhia de Vila Nova de Famalicão. O presidente da concelhia e da câmara, Paulo Cunha, era um dos principais apoiantes de Santana Lopes, o que tornava difícil a missão dos rioistas. E aí, o empresário, manteve-se fiel ao lado de Rio. O próprio já partilhou algumas fotografias da viagem no Facebook, e um documento de trabalho com o discurso traduzido do presidente chinês Xi Jinping, com o título: “Trabalhar Juntos para um Mundo Melhor”.

O social-democrata escreve que o encontro entre o PSD e o PCC vem no “seguimento do plano de desenvolvimento e cooperação entre o Partido Comunista Chinês e os restantes partidos políticos do mundo.” O militante de Famalicão diz ainda ser um “privilégio poder verificar e conhecer melhor por intermédio de altos quadros do Partido Comunista da China a sua História de prosperidade e costumes, as oportunidades e desafios que se colocam a uma das principais economias do mundo.”

Olegário, o agente funerário que vale votos em Viana

Olegário Gonçalves é vereador da câmara de Arcos de Valdevez e foi um dos maiores apoiantes de Rui Rio no distrito de Viana do Castelo. Agora foi também escolhido para ir à China. Olegário é, desde 2013, vereador com vários pelouros na câmara de Arcos de Valdevez. Ao longo dos últimos anos tem tido pelouros como a Proteção Civil, Juventude e Desporto, Gestão de Espaços Verdes e Limpeza e Energia.

Na sua nota biográfica no site da autarquia, Olegário Gonçalves explica que é empresário do ramo funerário, atividade que acumula com a vereação.

O Observador identificou sete membros da comitiva, mas não conseguiu apurar quem são os restantes cinco. A assessoria de imprensa de Rui Rio, questionada pelo Observador para que esclarecesse quem são os membros da comitiva, bem como os critérios da escolha, não respondeu antes da publicação deste artigo.

Fotografia do embarque da comitiva do PSD. Foto do Facebook de Hélder Filipe Costa.

Uma relação cada vez mais próxima entre o PSD e o PC Chinês

A aproximação entre o PSD e o PC Chinês já vem dos tempos da liderança de Passos Coelho. O antigo secretário-geral do PSD, José Matos Rosa, chegou a ir à China em abril de 2016. Durante esse encontro, a agência oficial chinesa, a Xinhua, citou um membro da Comissão Política do Comité Central do PCC, Guo Jinlong, que disse que “o PCC atribui grande importância às relações com o PSD” e que a “a China quer reforçar a cooperação com Portugal através do intercâmbio entre os partidos políticos”.

A mesma notícia da agência oficial chinesa revelava ainda que José Matos Rosa retribuiu com a disponibilidade do PSD em desenvolver relações com o Partido Comunista Chinês em áreas como a política, a economia, a cultura e a educação. A mesma notícia dava conta de que o PCC já tem há vários anos contactos privilegiados com o PS e o PCP (que já foram no passado bem mais fortes), mas com o PSD eram raros. Agora, tudo mudou.

Antes da viagem de Matos Rosa à China, o PSD já tinha também recebido, quando ainda estava Governo, uma delegação do Partido Comunista Chinês, numa reunião onde além do secretário-geral estiveram presentes membros dos Autarcas Sociais Democratas.

Com Rui Rio as boas relações com o Partido Comunista Chinês e com o Governo chinês continuam. Um mês e meio depois de ser entronizado como líder, o presidente do PSD reuniu-se com o embaixador da China em Portugal, Cai Run.

Nessa ocasião, Rui Rio defendeu, em declarações à televisão do partido, que “é necessário estreitar ainda mais [as relações com a China], até porque a balança comercial entre Portugal e a China é bastante favorável à China. Nós importamos muito mais do que exportamos para a China”.

Para o presidente do PSD “não será muito difícil” Portugal exportar para a China, já que é “um país pequeno, com uma produção pequena, face a um mercado tão grande. Portanto, é muito fácil aumentar as exportações portuguesas para a China.

Rui Rio destacava ainda que estes encontros, “servem precisamente para fazer essas aproximações” e que, como líder da oposição, “mesmo não sendo Governo” tudo fará para o “bem de Portugal” e para “dar uma ajuda” para que as relações comerciais com a China melhorem.

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