Em vésperas de cimeira da NATO, 0 Presidente norte-americano, Donald Trump, escreveu a vários líderes europeus, criticando-os por falta de compromisso com a Aliança Atlântica. Portugal estará entre o grupo de “uma dúzia” de países que receberam essas missivas, de acordo com o New York Times, onde também se incluem Alemanha, Bélgica, Espanha, Itália, entre outros.

Em causa está o compromisso alcançado em 2014, na cimeira da NATO no País de Gales, em que os Estados presentes acordaram estabelecer uma meta de 2% do PIB em gastos com a Defesa, a alcançar até 2024. O facto de a maioria dos países europeus ainda não terem atingido esse valor, crê Trump, está a pôr em causa a Aliança. Tudo porque os Estados Unidos dizem estar “frustrados” com a maior preponderância que têm assumido na NATO face aos restantes países.

“Há uma frustração crescente nos Estados Unidos com o facto de alguns aliados não terem assumido as responsabilidades como prometeram”, escreveu o Presidente na carta enviada à chanceler alemã, Angela Merkel, a que o Times teve acesso. “Os Estados Unidos continuam a destinar mais recursos à defesa da Europa quando a economia do Continente, incluindo a alemã, está a ir bem e os desafios de segurança sobejam. Isto já não é sustentável para nós.”

As cartas, que terão sido enviadas em junho, parecem ter sido personalizadas para cada líder. De acordo com o El País, a missiva enviada para Pedro Sánchez reconhece que Espanha viveu “uma terrível crise económica”, mas alerta Sánchez para o compromisso feito pessoalmente pelo seu antecessor, Mariano Rajoy, de aumentar a fatia do Orçamento do Estado destinada à Defesa.

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O Observador tentou contactar o gabinete do primeiro-ministro, António Costa, a fim de confirmar a receção da carta. Até ao momento, ainda não obteve resposta.

Portugal é um dos vários países-membro da NATO que ainda não cumpriu o objetivo dos 2% do PIB com gastos militares, estando atualmente nos 1,3% — um valor aquém dos 2,4% gastos pelo Reino Unido, por exemplo, mas superior aos 0,9% investidos por Espanha e Bélgica, segundo dados da própria Aliança. Em fevereiro passado, o ministro da Defesa, Azeredo Lopes, reforçou o compromisso com a meta dos 2% e garantiu que Portugal irá aumentar os seus gastos militares.

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O tema fez parte da agenda do encontro entre Donald Trump e Marcelo Rebelo de Sousa, na semana passada. “O plano credível de Portugal para atingir as metas de despesa com defesa da Aliança” foi um dos tópicos abordados na reunião, de acordo com a declaração de imprensa conjunta divulgada no fim do encontro.