O Presidente da República “não pode nem se deve imiscuir na vida dos partidos”, começou por dizer Marcelo Rebelo de Sousa quando confrontado com o tumulto no PSD, partido onde tem militância suspensa desde que foi eleito Chefe de Estado, mas para logo a seguir acrescentar o que deve fazer: “Garantir a coesão” nos partidos de poder para que o Governo funcione e “que quem está na oposição seja forte para dar uma alternativa”. E aqui inclui a sua preocupação — e acaba por responder à pergunta — que passa pelo risco de fragmentação da oposição ao ponto de esta deixar de ser “uma alternativa de poder”.

De férias pelas zonas afetadas pelos incêndios de 2017, o Presidente da República falava de mochila ao ombro e boné na cabeça a partir da praia fluvial de Vouzela. Questionado pela Sic-Notícias sobre a saída de Santana Lopes do PSD e o avanço de Pedro Duarte contra Rio, deixou o recado: “A mim o que me preocupava e preocupa é que a oposição não se fragmente de tal maneira que deixe ser ser uma alternativa de poder”. 

Sobre Pedro Duarte, que foi seu diretor de campanha nas presidenciais, Marcelo garante que o ex-líder da JSD não procurou o seu conselho antes de dar a entrevista ao Expresso e assumir o desafio à liderança de Rio. Mas, apesar de remeter a questão para a “vida interna do partido”, ainda diz que “o natural é que a legislatura vá até ao fim e que quem lidera os partidos se apresente aos eleitores — e eles escolham — e seja uma alternativa forte”.

Auto-elogios, remorsos e alguma mágoa no adeus de Santana ao PSD. A carta nas entrelinhas

No caso de Pedro Santana Lopes, Marcelo admite que não foi propriamente apanhado de surpresa: “De facto foi-me comunicando o seu estado de espírito”. Ainda não leu a carta que Santana enviou aos militantes — e que o Observador divulgou em primeira mão — mas mostra que não concorda com a decisão. “Foi uma opção que ele fez, uma opção drástica, uma mudança de vida drástica, tendo sido uma figura importante do partido”, diz sobre Santana, acrescentando a sua opinião sobre o ato de desfiliação. “Tenho a filiação suspensa, mas para mim o partido é uma família e não se muda de família. Mas tenho grandes amigos que pensam o contrário e mudam de partido”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR