A Sonangol poderá estar definitivamente de saída do capital da Galp. De acordo com o Jornal de Negócios, a petrolífera angolana já está a negociar a venda da sua posição indireta na empresa portuguesa — através da Amorim Energia — com grandes companhias internacionais do setor. Um processo em que o preço parece ser o ponto mais sensível das conversações para chegar a um acordo.

A decisão de vender a fatia de capital que lhe garante uma participação indireta na Galp é justificada pela nova política da empresa estatal angolana, que passa por libertar-se de investimentos noutras companhias, e assim conseguir inverter os resultados financeiros e sair do vermelho. Numa fase posterior, o objetivo é converter a Sonangol na Agência Nacional de Petróleos, concentrada na atribuição de concessões e na regulação de mercado e, gradualmente, menos envolvida na exploração e produção de petróleo.

A participação da Sonangol na Galp é indireta: a petrolífera angolana controla 60% da Esperaza, juntamente com a empresária e filha do ex-presidente de Angola, Isabel dos Santos, que detém os outros 40%. Esta parceria angolana partilha depois (com 45%) o capital da Amorim Energia com a família Amorim (que tem os restantes 55%) e é esta holding que tem uma posição de 33,34% na petrolífera portuguesa — indiretamente, os angolanos controlam 15% da Galp, participação que estará avaliada em cerca de 2,2 mil milhões de euros.

O preço e a necessidade de vender a curto prazo parecem, para já, ser as principais barreiras a um acordo de venda. A família Amorim já terá conhecimento das negociações e deverá dar o ok ao negócio. Mais complicado, porém, poderá ser o processo com Isabel dos Santos com quem a Sonangol, além de partilhar o controlo da holding Esperaza, tem mantido uma relação conflituosa desde que a empresária angolana foi exonerado da presidência da petrolífera.

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Isabel dos Santos diz que foi vítima de “espírito de revanche”

Isabel dos Santos já fez saber que pretende manter o investimento na Galp, num negócio que já existe desde 2006. Este foi o ano em que a Sonangol se tornou acionista da Galp depois de um acordo com o empresário Américo Amorim validado pelo então governo de José Sócrates. A prioridade era impedir que a italiana Eni ganhasse o controlo da petrolífera portuguesa, contribuindo assim para a criação da Amorim Energia e para a entrada da Sonangol na Galp.