A comissária para a Economia Rural e Agricultura da União Africana (UA) afirmou esta segunda-feira, em Luanda, que Angola progrediu na redução da fome, mas precisa de reforçar a estratégia para diminuir a pobreza, agravada com o desemprego entre jovens.

Josefa Sacko falava à imprensa à margem do encontro de lançamento do Processo de Reformulação do Plano Nacional de Investimento Agrícola de Angola (PNIA), que visa alinhar a agenda interna com as metas internacionais, quer a continental quer a global, respetivamente para 2030 e para 2063, para que possa reduzir a pobreza e acabar com a fome até 2025.

“Houve muitos progressos para acabar com a fome, tendo na base os programas de segurança alimentar”, disse a angolana Josefa Sacko, sublinhando que, em termos de combate à pobreza, Angola precisa de “fazer mais esforços”. “A extrema pobreza é condenada a nível mundial e temos a questão do desemprego dos jovens, que é um dos pontos que acentua a pobreza no nosso continente e não só. As nossas zonas rurais, onde se faz a agricultura, deve ser revista para podermos investir e operar aí uma transformação”, frisou.

Por sua vez, o ministro da Agricultura e Florestas de Angola, Marcos Nhunga, disse que a disponibilização dos recursos para o setor “continuam aquém do indicado” para o alcance dos objetivos do pacto. Segundo o ministro, o Governo angolano mostrou o seu empenho para alavancar o desenvolvimento da agricultura nacional, em particular, e a africana em geral, ao aderir, em junho de 2011, à plataforma continental integrada no Programa Detalhado para o Desenvolvimento da Agricultura em África (PDDAA), satisfazendo os ideais da Declaração dos chefes de Estado e do Governo da UA para 2033. O governante angolano acrescentou que o compromisso foi reforçado em junho de 2014, com a assinatura da Declaração de Malabo (Guiné Equatorial), na 23.ª assembleia dos Chefes de Estado e de Governo da União Africana.

Nas declarações à imprensa, Marcos Nhunga referiu que é preciso que Angola olhe para a forma como a agricultura se está a definir atualmente, vendo-a como “um setor fundamental para a redução da pobreza, garantindo a segurança alimentar e nutricional das populações”. Marcos Nhunga destacou que a Declaração de Malabo previa que cada país contribua, no mínimo, com 10% dos seus orçamentos para o setor da agricultura, de forma a combater a pobreza e garantir a segurança alimentar e nutricional. “É verdade que demos saltos qualitativos relativamente à diminuição da fome no nosso país, mas temos indicadores relativos à pobreza. O que se pretende aqui é fazer um alinhamento do Plano de Investimento da Agricultura, para que possamos cumprir com as agendas, não só nacional, como também africana e internacional”, avançou.

O titular da pasta da Agricultura e Florestas de Angola disse que o país saiu de um índice de mais de 60% da taxa de fome para menos de 30%, entre 2013 e 2015. “E continuamos a lutar para baixar esses indicadores. No entanto, se não forem disponibilizadas mais verbas, não só para o setor da agricultura, mas também para o setor produtivo, de uma forma geral, é lógico que iremos atrasar-nos quanto às metas. Cumprimos isso até 2015. É esse o grande objetivo que se pretende a nível africano: podermos ver todas nações livres da fome, pobreza e com uma garantia de segurança alimentar e nutricional”, enfatizou.

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