Há certas coisas no mundo que são certinhas como o sol, como as sardinhadas nos Santos Populares, o Son Goku ser o mais forte do universo, o trânsito na CRIL e a discussão sobre qual o melhor jogo de futebol do ano no velho combate Pro Evolution Soccer (PES) vs. FIFA.. O Pro Evolution Soccer vai ser lançado em primeiro lugar este ano, portanto podemos ter já uma ideia do que esperar de um dos candidatos ao título de simulação futebolística do ano.

Ao longo dos últimos anos, Pro Evolution Soccer foi perdendo adeptos para o seu concorrente FIFA muito devido às diferenças de jogabilidade, mas particularmente por causa da falta de licenças oficiais de ligas, equipas e jogadores. Em 2018, o problema mantém-se, mas não é assim tão grave como alguns podem pensar. Apesar de não chegar às extensões habituais do FIFA ,a iteração deste ano de PES conta com muito mais do que é habitual — das 17 ligas de futebol profissionais incluídas no jogo 14 são licenciadas. Das 335 equipas disponíveis, 293 têm licenciamento e a reprodução de nomes, emblemas, equipamentos e plantéis é fiel. Ou, pelo menos, tanto quanto possível, já que nas ligas oficiais alguns jogadores não têm a sua imagem fotograficamente retratada.

Entre as ligas de futebol profissionais mais conhecidas, as ausências de maior destaque serão as de Espanha e Inglaterra, que contam mesmo assim com alguns clubes que cederam as licenças individualmente. Apraz-me pessoalmente dizer que a Liga Nos está incluída na sua totalidade, permitindo assim que possamos escolher jogar com o Belenenses ou com o Sporting de Braga em vez de com o Blemotao ou Bresigne, como os japoneses da Konami apelidavam as equipas portuguesas à falta dos direitos de utilização do seu nome. Infelizmente, faltam muitos dos estádios oficiais. Apenas o de Alvalade está representado.

Apesar de a Konami estar a trabalhar mais na aquisição de ligas, as ausências de licenças oficiais no PES são tão características que já não são defeito, são feitio. De tal modo que na época 2017/18, o Aston Villa anunciou a venda de bilhetes para o seu jogo contra o Leeds United nas suas redes sociais utilizando os símbolos e nomes que os representam no jogo.

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A empresa nipónica deu estes passos para que o modo de jogo MyClub estivesse mais preenchido e para que o jogador tenha maior familiaridade com o clube que tenta levar à glória, mas principalmente para esconder a ausência da Liga dos Campeões e da Liga Europa, que terminaram na edição do ano passado o contrato de exclusividade que tinham com a série PES. Não contando com este modo de jogo, ficamos “limitados” às opções do já mencionado MyClub em que gerimos um clube de um campeonato à escolha, Be a Legend no qual criamos um jogador para levar individualmente ao estrelato ou a clássica Master League em que temos o desafio por excelência de Pro Evolution Soccer.

Neste modo, temos que agarrar numa equipa com um plantel de desconhecidos fictícios e geri-la da 2.ª divisão até aos maiores títulos possíveis. Não acredito que a Champions League fizesse muita diferença na escolha de jogo pelos fãs — era mais um extra que uma particularidade obrigatória e a sua perda não é uma falha crucial neste jogo. Há também uma aposta forte no conteúdo online, muito devido ao sucesso cada vez maior do mercado de eSports e competições online. Tendo em conta que o jogo foi testado e este comentário escrito antes do seu lançamento oficial, não foi possível uma grande exploração destes modos pela falta de jogadores.

Com ligas oficiais ou não, mais ou menos modos de jogo, é com a bola no pé que sabemos quem ganha a batalha de melhor simulação de futebol do ano. Quando entramos em campo com Pro Evolution Soccer 19, percebemos que os fundos que pagavam a licença das competições da UEFA não foram desperdiçados. Os melhoramentos gráficos são imediatamente visíveis da iteração do ano passado para este ano, ao ponto que a minha mulher, não sendo fã de videojogos de futebol, comentou imediatamente o realismo da imagem quando me viu a jogar pela primeira vez. Não é só na cara dos jogadores que vemos melhorias, mas em pequenos pormenores de luz e sombra que, apesar de parecerem irrelevantes, são de uma importância extrema na qualidade da imagem. O campo parece real — tem vida, respira. Foi dada uma atenção ao visual como há muito não era feito pela empresa.

No que diz respeito à jogabilidade, PES é diferente do seu rival e aí que tem os seus pontos fortes e fracos. Foram feitas algumas alterações às possibilidades de ação tanto do controlo de bola como nos remates, que agora incluem efeitos de arco ascendente e descendente de bola ou passes sem olhar, entre outros efeitos que provavelmente só serão apreciados pelos jogadores mais profissionais. Uma adição interessante é a do nível de fadiga visível, não só na pose do jogador mas também na sua maneira de jogar. O controlo de bola (passes e movimentações) faz com que Pro Evolution Soccer pareça um jogo mais lento do que o FIFA na versão do ano passado.

O controlo é mais intuitivo mas também mais tático e pausado, o que provavelmente obrigará os jogadores mais inexperientes a uma curva de habituação maior. Apesar do PES 19 permitir um futebol mais estratégico, nos obrigar a encontrar aquela falha crucial na “armadura adversária” e de ter um visual bastante superior ao seu antecessor, perde bastante na Inteligência Artificial dos jogadores em campo, em particular dos guarda-redes.

Pro Evolution Soccer 19 é um bom jogo para os fãs da série e conta com inovações suficientes para compensar a compra para quem não tem a versão 18. Infelizmente, os seus rasgos de qualidade ocasionais e melhoramentos gráficos não compensam o investimento. Aguardemos pelo lançamento do novo FIFA 19 para perceber se a coroa de melhor videojogo de futebol voltará a ser-lhe entregue.

Pro Evolution Soccer 2019 está disponível por 59,90€ para PC, PS4 e Xbox One

João Machado, Rubber Chicken