Depois de mais de cinco horas de reuniões com os partidos para apresentar as linhas gerais do Orçamento, o Governo saiu a atirar à direita. E a provocação veio do governante responsável pela articulação, no Parlamento, dos partidos que apoiam o Executivo socialista, o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares: “O PSD e o CDS estão muito preocupados com as contas públicas, mas está para aparecer o primeiro Governo PSD/CDS que consiga melhores resultados do que nós em matéria de défice orçamental e dívida pública”.

Pedro Nuno Santos falava à porta da sala onde esteve com o ministro das Finanças, esta terça-feira, a ouvir os partidos que não fazem parte do Governo sobre o Orçamento para o próximo ano e acabou por focar-se sobretudo nos que não fazem parte da “geringonça”. “A direita fala muito de empresas, mas percebe pouco do que é o funcionamento de uma empresa e de uma economia”, acusou apontando o dedo ao PSD e ao CDS: “Só assim é que se percebe que reduzam o seu programa à redução do IRC”.

O mesmo sobre outra preocupação manifestada pela direita à saída da reunião com Centeno, as taxas de juro. Aos jornalistas, Pedro Nuno Santos afirma que as “a taxa de juro do financiamento das empresas baixou bastante durante esta governação. As empresas ganharam com a boa gestão das contas públicas”.

Uma série de investidas contra a direita que tem como objetivo desmontar o discurso de PSD e CDS quanto aos riscos orçamentais — e que não ficou por aqui. “Este Governo, ao contrário do anterior, vai deixar uma dívida pública menor do que a que herdou. O Governo PSD/CDS deixou uma dívida pública maior do que a que herdou”, disse  o governante socialista para tentar responder às preocupações de despesismo levantadas à direita, atirando ao Governo PSD/CDS que conviveu com a troika no país. Em contraponto com uma frase que Luís Montenegro, líder do PSD nesse período, deixou na história política em 2014 (“A vida das pessoas não está melhor, mas o país está muito melhor″), Pedro Nuno Santos atira agora: “Conseguimos que o povo português viva melhor com as contas certas”. 

O secretário de Estado quer que este seja visto “não como mais um” Orçamento, mas como “o último de quatro anos que têm permitido uma trajetória de melhoria das condições económicas e sociais do país e das famílias portuguesas”. Mas não adianta um detalhe daquilo que virá inscrito na proposta que o Governo vai apresentar a 15 de outubro e que discutirá durante a tarde desta terça-feira no Conselho de Ministros.

A proposta está a ser negociada no Parlamento com PCP, Bloco de Esquerda e Verdes e Pedro Nuno Santos admite que as negociações “são sempre muito difíceis e duras”, pelo que prefere não dar a aprovação por garantida. “Estamos a trabalhar até ao último minuto para que consigamos ter um bom orçamento aprovado”, diz.

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