Foram muitos os antigos companheiros de Cristiano Ronaldo ouvidos nos últimos dias a propósito do regresso do português a Old Trafford mas pertenceram a nomes menos “mediáticos” as frases mais marcantes sobre o miúdo formado no Sporting que passou seis anos ao serviço do Manchester United antes de se mudar quase uma década para o Real Madrid.

“Nunca vi um jogador assim. Já lhe perguntei onde é que vai buscar aquela mentalidade e confiança… Quando chegou ao Manchester United, no primeiro dia, disse logo que era o melhor. Como é que um miúdo chega a um clube como este e diz que é o melhor? Onde é que vai buscar aquela confiança? Víamo-lo nos treinos, antes e depois, a fazer exercícios para ser o melhor… Nos primeiros dois anos não foi fácil para ele, sabíamos como pensava e estávamos sempre a chateá-lo. Só queria fazer dribles. Mas quando começou a marcar, tudo mudou. Começou a pensar em ganhar mais e mais, e mudou. Com essa mentalidade, que agora se vê, passou a ser diferente. Quando ele percebeu que tem de jogar com os companheiros, tudo mudou”, destacou Quinton Fortune, antigo lateral/ala esquerdo que esteve com o português no clube entre 2003 e 2006 (e que, apesar de todos os elogios ao avançado, ainda considera Lionel Messi como o melhor do mundo).

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“Há uma expressão que define bem o Cristiano: é um instrumento de precisão. Faz tudo com um objetivo bem definido. Levava o treino a outro nível porque queria ser o melhor do mundo, todo o seu tempo livre era preenchido com futebol. Tinha até o seu próprio cozinheiro, para poder comer sempre bem. Lembro-me que fez questão de comprar uma casa com piscina, para poder treinar. Alguns jogadores exageram, ele era mais inteligente que isso. Treinava no duro mas ouvia os especialistas que estavam à sua volta. Há quem diga que para se ser bom em alguma coisa, seja a pintar ou a tocar guitarra, são necessárias dez mil horas de dedicação. O Cristiano fez isso e muito mais. Muitos dos outros jogadores também eram excelentes atletas, mas não faziam tanto como ele. E era uma excelente pessoa”, recordou Mike Clegg, antigo preparador físico.

Manifestações de apoio a Ronaldo em Old Trafford começaram logo à saída para o aquecimento (OLI SCARFF/AFP/Getty Images)

Dos cachecóis alusivos ao regresso de Ronaldo com a Juventus a Old Trafford às dezenas de cartazes com a frase “Welcome home”, o número 7 foi recebido como um verdadeiro filho pródigo que também reconhece a importância que o Manchester United teve para chegar ao patamar onde se encontra. Bem disposto ainda antes de entrar em campo, na zona do túnel de acesso aos balenários, avisou a criança que o acompanhava que iria fazer o tradicional salto ao passar para dentro das quatro linhas e era como que a pessoa mais feliz do mundo enquanto se ouvia o hino da Champions – entre tantas caras cerradas, saltou à vista o sorriso largo do capitão da Seleção. E a primeira manifestação excessiva não demoraria muito.

Logo aos três minutos, um fã invadiu o relvado quando o Manchester United beneficiava de um livre lateral junto da área da Juventus. O objetivo era poder cumprimentar Cristiano Ronaldo, os seguranças conseguiram evitar a tempo que chegasse à zona onde se encontrava o jogador. Ainda assim, e quando Mourinho trocava gargalhadas com Massimilano Allegri pelo momento caricato, o português ainda pediu para que fosse feito um compasso de espera e cumprimentou o “intruso”.

Mais tarde, já depois de ter agradecido em conjunto com os restantes jogadores da Juventus aos milhares de adeptos italianos que se deslocaram a Manchester, houve mais invasões e a dobrar: quando se encaminhava para a zona de acesso aos balneários, um primeiro fã aproximou-se do jogador, foi intercetado pelos seguranças mas contou com a “ajuda” de Ronaldo, que ia dizendo “It’s ok, it’s ok” à medida que se ia aproximando; logo depois, mais um adeptos dentro do relvado para tentar cumprimentar o número 7. E o mais caricato acabou por ser a selfie que o jogador ainda tirou com um deles antes de serem levados.

https://twitter.com/IFTVofficial/status/1054849623397781505

Antes de abandonar o relvado, e perante a concentração de pessoas naquela zona uns minutos depois do final da partida, Ronaldo agradeceu o apoio e retribuiu através de gestos os aplausos que ouvia. Para todos aqueles adeptos, a noite não trouxe razões para manifestações exuberantes mas o regresso do filho pródigo a Old Trafford acabou por ser um dos poucos motivos de gáudio para quem se recorda dos tempos em que o Manchester United era um real candidato no Campeonato e na Champions.

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