“Como pessoa de esquerda encontro na área da energia o sonho de qualquer esquerdista”. A frase é do novo secretário de Estado da Energia, João Galamba, e foi dita na primeira intervenção pública sobre o tema em que elencou as prioridades da transição energética, a pasta que saltou do Ministério da Economia para o Ministério do Ambiente.

A “confidência” foi feita durante um discurso na conferência Transição para as Cidades do Futuro, realizada esta terça-feira no quadro dos eventos Open Day, promovidos pelo jornal Público. João Galamba, que enquanto deputado socialista e porta-voz do partido se destacou mais nas discussões sobre finanças públicas, destacou o papel distinto que a Europa tem nas duas áreas.

“Até há pouco tempo, olhávamos para a Europa como uma fonte de austeridade, limites, constrangimentos e restrições. Pode ser assim na frente orçamental, mas não é assim na energia e nas alterações climáticas. O que a Europa nos impõe e exige não são restrições e limites, são desafios, objetivos, desígnios e ambições e oportunidades.

São desafios que este Governo abraça com convicção e, se me permitem a confidência, estes objetivos são o sonho de qualquer pessoa de esquerda.  Mais do que um plano quinquenal, o que a Europa propõe é um plano quadriquinquenal — referência às metas de longo prazo para energias renováveis, redução de emissões ou eficiência energética — e eu como pessoa de esquerda encontrei aqui na área da energia o sonho de qualquer esquerdista.”

O comentário mais ligeiro do novo secretário de Estado da Energia foi feito quando João Galamba defendeu que a transição energética e descarbonização devem ser um grande desígnio nacional que tem de mobilizar todos., alinhados e a convergir para o mesmo objetivo. Mais do que uma reforma estrutural, o secretário de Estado diz que é necessária uma revolução estrutural até porque não temos alternativas.

Num discurso que foi, em muitos pontos, de continuidade em relação às políticas na área da energia, o secretário de Estado deixou contudo nuances, sobretudo na política de promoção das renováveis, onde apesar de terem sido cometidos alguns erros, há muitas coisas que foram positivas. E realçou que não pode haver transição energética e inovação sem algum tipo de subsidiação. O responsável deixou ainda um aviso para os promotores de centrais solares, licenciadas pelo seu antecessor, mas que não estão ainda a produzir. É preciso passar dos licenciamentos ao investimento e ao reforço da capacidade.

E no dia a seguir ao anúncio de que o consórcio ENI/Galp deixou cair o projeto de pesquisa de petróleo na costa portuguesa, afirmou ainda que é preciso eliminar os “incentivos perversos” aos combustíveis fósseis.

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