A Polícia Judiciária está a investigar alegadas detonações de explosivos na pedreira de Borba, algumas horas antes da derrocada que matou, pelo menos, cinco pessoas. Segundo o semanário Expresso, várias testemunhas garantem ter ouvido explosões, na manhã de 19 de novembro, naquela zona. Essa mesma informação é confirmada por Quintino Cordeiro, vereador da Câmara de Borba, que fala em, pelo menos, duas detonações.

A utilização de pólvora explosiva é, assim, uma das hipóteses em cima da mesa na investigação da PJ às causas do aluimento de terras. Por si só, não é ilegal, mas está sujeita a várias regras. Esse material perigoso pode ter efeitos particularmente graves em pedreiras de mármore, por ser uma pedra mais frágil, e exige sempre uma parecer favorável da Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG).

O Expresso explica que esse parecer favorável foi concedido, em 2017, à pedreira Olival Grande São Sebastião, que ladeia a EM255, e que também a PSP confirma que “junto do local onde ocorreu o aluimento se encontram autorizadas a empregar produtos explosivos várias empresas durante o ano em curso”. Nenhuma das entidades adianta, porém, se isso aconteceu no dia da derrocada.

Essas alegadas detonações na pedreira podem sido decisivas num cenário que já seria de grande instabilidade, por causa de outros fatores que terão contribuído para a fragilidade do solo e, em consequência, para o desabamento da estrada. No sábado, dois dias antes da tragédia, foi registado um sismo de magnitude 2,1 em Arraiolos, que fica a cerca de 50 quilómetros dali. E as chuvas intensas, durante todo o fim de semana,  levaram a uma grande infiltração de água nos solos, já muito barrentos.

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Buscas retomadas este sábado

Na pedreira, as buscas para resgatar as vítimas chegaram já aos 12º dia. Este sábado, o principal objetivo foi retirar o segundo carro arrastado na derrocada. A viatura foi localizada ao final da tarde de sexta-feira. Lá dentro estava a quinta vítima mortal — um homem de 85 ano, morador de Alandroal.

Até agora, as operações de resgate tinham permitido recuperar os corpos de quatro pessoas: dois trabalhadores da pedreira e outros dois homens que seguiam numa carrinha, na EM255, e que não conseguiram travar a tempo de evitar a queda na mina, quando a estrada desabou.

Corpo da quinta vítima da derrocada em Borba já foi resgatado

Apesar de essa hipótese não poder ser descartada, não há qualquer indicação ou suspeita de que haja outras vítimas submersas pelo aluimento.