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No reino do "isto não é nada", houve uma estrela quando foram com tudo (a crónica do Boavista-FC Porto)

Este artigo tem mais de 5 anos

Após uma primeira parte confusa, tensa e só com 211 passes certos – recorde negativo entre "grandes" –, FC Porto lançou tudo e ganhou nos descontos quando Boavista parecia ter jogo controlado (1-0).

Hernâni entrou aos 88', tocou apenas uma vez na bola até ao último minuto de descontos mas deu a vitória ao FC Porto no Bessa
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Hernâni entrou aos 88', tocou apenas uma vez na bola até ao último minuto de descontos mas deu a vitória ao FC Porto no Bessa

AFP/Getty Images

Hernâni entrou aos 88', tocou apenas uma vez na bola até ao último minuto de descontos mas deu a vitória ao FC Porto no Bessa

AFP/Getty Images

Tal como no ano passado, o FC Porto perdeu pontos com o Benfica na primeira metade da temporada e arrancou aí para a melhor fase. Em 2017/18, foram dez triunfos consecutivos, interrompidos com um nulo (e com derrota nas grandes penalidades) na meia-final da Taça da Liga, frente ao Sporting; agora, e à partida para mais um dérbi da Invicta, eram nove sucessos seguidos entre Primeira Liga, Taça de Portugal, Taça da Liga e Liga dos Campeões, apontando à décima que permitiria recuperar os três pontos de avanço na tabela classificativa em relação ao Sp. Braga. Muitas parecenças onde encaixa também uma grande diferença: se é certo que as séries são muito idênticas, a forma como ambas foram obtidas têm as suas nuances.

Hernâni marca no quinto minuto de descontos e dá vitória ao FC Porto frente ao Boavista no dérbi da Invicta

No ano passado, e num modelo em termos de disposição muito próximo do que tinha sido utilizado pelo Benfica na conquista de quatro Campeonatos seguidos – mesmo que com uma vida muito própria –, Sérgio Conceição fez da forma de jogar ofensiva a sua melhor defesa. Se pensarmos nas últimas duas décadas, os dragões estavam habituados a ter uma referência mais fixa na frente, aquele goleador que era raro não fazer o seu golito (quando era apenas um); com o novo técnico, a colocação de Marega no ataque ao lado de Aboubakar ou Soares, não abdicando de ter dois alas, trouxe uma profundidade que complicou muitas vezes a vida às defesas contrárias. Por norma, e quando não marcava a abrir, ia deixando uma mossa tal que o(s) golo(s) surgiam mais tarde de forma natural. Como aconteceu no Bessa frente ao Boavista, por exemplo (aqui um parênteses para referir que, apesar dos resultados mais aquém desta época, Jorge Simão deu continuidade a uma ideia que já tinha sido projetada por Miguel Leal, de aproveitar aquela veia mais guerreira digna de um Boavistão e tentar juntar mais qualidade de jogo em posse, algo que no outro encontro desta noite ficou quase sempre pelas intenções).

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Ficha de jogo

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Boavista-FC Porto, 0-1

11.ª jornada da Primeira Liga

Estádio do Bessa, no Porto

Árbitro: Hugo Miguel (AF Lisboa)

Boavista: Helton Leite; Carraça, Neris, Gonçalo Cardoso, Talocha; Obiora (Idris, 16′), David Simão, Rafael Costa; Rochinha, Mateus (Fábio Espinho, 74′) e Rafael Lopes (Falcone, 90′)

Suplentes não utilizados: Bracali, Edu Machado, Raphael e Matheus Índio

Treinador: Jorge Simão

FC Porto: Casillas; Corona, Felipe, Éder Militão, Alex Telles; Danilo, Herrera, Óliver Torres (Soares, 68′); Otávio (Adrián López, 82′), Brahimi (Hernâni, 88′) e Marega

Suplentes não utilizados: Vaná, Mbemba, Maxi Pereira e Sérgio Oliveira

Treinador: Sérgio Conceição

Golo: Hernâni (90+5′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Carraça (25′), Neris (45+3′), Helton Leite (60′), Fábio Espinho (78′), Rochinha (86′), Casillas (90+6′) e Idris (90+6′); Luís Gonçalves e Sérgio Conceição foram expulsos do banco (23′ e 90+6′)

Esta temporada, com a criação de um Óliver Torres versão “médio centro completo” e o aproveitamento de um Herrera capaz de jogar muitas vezes como segundo avançado, o FC Porto quis dar outra qualidade ao seu jogo. Está mais trabalhado, ganhou um certo requinte, reforçou a qualidade nos corredores laterais. É certo que se adequou também à grave lesão de Aboubakar, que condiciona as opções em cada jogo, mas soube transformar-se e melhorar na evolução. No entanto, nem sempre tudo é perfeito e a exibição dos azuis e brancos no Bessa, de novo em 4x3x3 mas com Corona no lugar de Maxi Pereira como lateral, deixou muito a desejar. O jogo teve várias interrupções, demasiadas até, mas a inspiração de outros dias tirou folga e o Boavista, estilo à parte, conseguiu mostrar sempre uma boa organização coletiva para condicionar e muito a construção a meio-campo. Valeu, no final, o 1-0 arrancado nos descontos por Hernâni, o herói improvável que tinha tocado uma vez na bola.

[Clique nas imagens para ver os melhores momentos do Boavista-FC Porto em vídeo]

O encontro começou animado nas bancadas e insípido dentro de campo. Aliás, a única reação que o que se passava dentro de campo conseguia provocar fora dele era mesmo transformar o clima de festa em irritação. Um pouco do nada, no seguimento de um lançamento lateral longo de David Simão em que a defesa do FC Porto se mostrou demasiado ligeira, Rafael Lopes teve uma oportunidade de ouro para poder visar a baliza em zona de golo na área mas rematou por cima (7′). Daí para a frente, e até à meia hora, pouco ou nada se jogou: Obiora lesionou-se, foi assistido, caiu de novo e teve mesmo de ser substituído por Idris; Helton Leite também se queixou de um problema na perna direita; sempre que os portistas tentavam trocar rápido para colocar a bola na frente surgiam faltas cirúrgicas; pelo meio. Luís Gonçalves, diretor dos dragões, foi expulso do banco.

Por mais do que uma vez, Sérgio Conceição foi criticando aquilo que considerava ser uma excessiva perda de tempo. “Isto não é nada, isto não é nada”, comentou de forma percetível para o quarto árbitro e quando quase todo o banco dos azuis e brancos estava de pé. Com mais ou menos razão, houve um número que mostrou bem aquilo que não se jogou – houve apenas 211 passes certos até ao intervalo, algo que nunca tinha acontecido na presente temporada em jogos dos “grandes”. Ainda assim, nem tudo pode ser justificado com as constantes interrupções porque também é verdade que o FC Porto chegou quase ao final da primeira parte com uma percentagem abaixo dos 50% na eficácia de passe para a frente. Herrera voltou a saber interpretar bem o papel de médio mais de apoio a Marega mas quer Danilo, quer Óliver Torres não conseguiram ter a habitual influência na primeira e segunda fase de construção, o que condicionou o jogo ofensivo da equipa.

Ainda assim, e nos últimos minutos, os dragões tiveram oportunidades para desfazerem o nulo ao perceberem as duas únicas formas de abrir a bem montada organização defensiva dos axadrezados: exploração da profundidade, como aconteceu quando Marega desviou de cabeça para Otávio mas o médio acabou por meter-se por caminhos que já não lhe permitiram mais do que rematar às malhas laterais (32′); e velocidade de movimentos e circulação no último terço, que permitiu a Brahimi encontrar espaço para testar o pontapé de fora da área ao lado (34′) e obrigar Helton Leite à primeira grande defesa da noite, num lance algo trapalhão mas onde Herrera, após falhar o remate, ainda conseguiu levantar-se e assistir o argelino (43′).

Se a primeira parte tinha sido marcada sobretudo por aquilo que não se tinha jogado, a segunda ainda não tinha começado e já estávamos na mesma mas por razões diferentes: Helton Leite queixou-se de que estavam a ser arremessados objetos da bancada para a sua baliza, Hugo Miguel não quis reatar a partida enquanto isso não tivesse parado em definitivo e Herrera foi mesmo até à zona onde se concentraram a maioria dos adeptos azuis e brancos pedir para que tivessem mais calma. O pedido foi acatado mas, apesar de haver mais presença dos laterais e outros movimentos de rutura por parte dos médios para encontrarem espaço na área para a finalização, Felipe teve a melhor oportunidade na sequência de um canto, atirando por cima (60′).

Com o passar dos minutos, e quase sempre por Rochinha, o Boavista ia tentando mostrar uma versão diferente da simples destruição de jogo adversário. Nem sempre o último passe saiu mas percebia-se que, sobretudo por ação do número 7, havia margem para mais qualquer coisa. O máximo que conseguiu, ainda assim, entre fintas vistosas e a capacidade de fixar mais Alex Telles lá atrás, foram lances que motivaram protestos após quedas na área com Brahimi e Éder Militão. Mas aos 90+2′, também fez dois carrinhos seguidos, para roubar uma bola e depois para evitar que a mesma saísse, em mais um exemplo da entrega dos axadrezados para segurarem um nulo que, pela forma como as coisas corriam, parecia ser o desfecho final.

Sérgio Conceição, talvez ligeiramente tarde, transformou o FC Porto na frente e foi com tudo para contrairar o “isto não é nada”. Lançou Soares para fazer dupla com Marega na frente e abdicou depois de Otávio para encostar o maliano como falso ala e ter também Adrián López em campo. Quase no final, trocou Brahimi por Hernâni. O extremo, que por norma joga de fora para dentro, não se mostrou muito confortável naquela posição à esquerda mas, já depois de Soares falhar duas bolas de golo na área (Herrera marcara aos 72′ mas o golo anulado foi anulado, na sequência de um canto batido por Alex Telles), acabou por ter o toque de Midas numa exibição abaixo do normal e marcar o 1-0 no quinto e último minuto de descontos, antes de uma grande confusão junto dos bancos que motivou mais uma expulsão, desta vez de Sérgio Conceição. Bola ao meio, final do jogo.

Gonçalo Cardoso, jovem central do Boavista que falhou no lance do único golo, acabou o jogo em lágrimas, ciente de que foi por causa daquele corte falhado que os axadrezados não alcançaram o empate no dérbi da Invicta. O estilo nem sempre foi o melhor, longe disso, e com menos interrupções no meio-campo e outro pragmatismo na frente o resultado até podia ser outro, mas os axadrezados acabaram por ter um epílogo cruel no tipo de jogo que, muitas vezes no final, se percebe que decide campeonatos. E foi assim, nos descontos, que o FC Porto conseguiu somar a sua décima vitória consecutiva. Mesmo sem a melhor das exibições, os dragões conseguiram oportunidades suficientes para justificar o triunfo “a ferros” no Bessa.

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