O ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, acusou este domingo de manhã a Liga dos Bombeiros Portugueses de ser “absolutamente irresponsável”, depois de ter sido decidido por aquele órgão que vai “suspender toda a informação operacional aos respetivos Comandos Distritais de Operações de Socorro”, da Proteção Civil.

“É absolutamente irresponsável e põe em causa a segurança dos portugueses. É absolutamente irresponsável admitir que estruturas que integram o sistema nacional da Proteção Civil possam não reportar ao sistema, isto é, por em causa a coordenação de meios”, disse Eduardo Cabrita este domingo de manhã. O ministro disse mesmo que era “ilegal” não reportar informação às autoridades competentes e disse que haverá “consequências” para os incumpridores.

Numa mensagem direta aos bombeiros voluntários, Eduardo Cabrita disse ainda: “Não ponham em causa esta prioridade absoluta que é a garantia da segurança das populações e a necessidade de coordenação entre todos os meios de resposta em função da natureza e dimensão da ocorrência”.

“O governo assegura a segurança dos portugueses e apela a que todas as ocorrências sejam participadas a partir do sistema do 112, porque essa é a única forma de garantir a comunicação plena entre todas as autoridades”, acrescentou.

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Marta Soares: “Você sabe que esteve a mentir, não sabe, senhor ministro?”

Momentos depois da comunicação do ministro da Administração Interna, Jaime Marta Soares, presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses acusou Eduardo Cabrita e o governo de mentirem quanto à suposta menor preparação dos bombeiros para acudirem às mais diversas ocorrências, perante o corte de relações com a Proteção Civil. “Você sabe que esteve a mentir, não sabe, senhor ministro?”, disse Jaime Marta Soares, de olhar fixo na câmara da RTP. “Não põe minimamente em causa, como o senhor minisro disse, a segurança das pessoas. Convido os portugueses a passarem pelos quartéis para verem se há ou não bombeiros.”

Jaime Marta Soares queixou-se também de flta de diálogo por parte do governo. “Temos ido a variadíssimas reuniões com o senhor ministro, entrávamos com uma mão vazia e saíamos com um mão cheia de nada. E dissemos há dias que bastava, que não estávamos para sermos humilhados e desrespeitados”, disse à RTP. Jaime Marta Soares acusou o ministro da Administração Interna de “falta de sentido de responsabilidade de Estado perante aqueles que são o princpal agente de decisão em Portugal”.

Ainda sábado à noite, Em declarações à RTP, o presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, Jaime Marta Soares, já tinha dito: “Vamos para os fogos mas não vamos comunicar nada aos CDOS”. Às populações, disse que estivessem “descansados”. “Nós somos capazes de fazer tudo para os salvaguardar, salvar e defender, com ou sem governo”, disse. E acrescentou: “Não está nada comprometido porque as tropas somos nós e somos tropas que estão no terreno”.

A tomada de decisão do Conselho Nacional da Liga dos Bombeiros ocorreu este sábado e surgem como reação às propostas aprovadas pelo Governo em 25 de outubro na área da proteção civil. A maior contestação centra-se nas alterações à lei orgânica da Autoridade Nacional de Emergências e Proteção Civil, futuro nome da atual ANPC, reivindicando a Liga Nacional de Bombeiros Portugueses uma direção nacional de bombeiros “autónoma independente e com orçamento próprio”, um comando autónomo de bombeiros e o cartão social do bombeiro.

Bombeiros Voluntários abandonam Proteção Civil e suspendem informações operacionais a comandos distritais