Um refugiado sírio e os seus filhos adolescentes, um académico paquistanês e um estudante: aos poucos vão sendo conhecidos mais detalhes sobre o ataque terrorista de sexta-feira, em duas mesquitas da cidade de Christchurch, Nova Zelândia, a começar pela identidade das vítimas mortais. O número de mortos foi atualizado este sábado pelas autoridades locais, fixando-se agora nas 50 — um novo corpo foi encontrado na mesquita de Al Noor. Estão ainda internadas 36 pessoas e dessas, duas estão em estado muito grave. Estas são as identidades de algumas das vítimas mortais que, entretanto, já foram divulgadas pelas autoridades.

Daoud Nabi

Natural do Afeganistão, Daoud Nabi mudou-se para a Nova Zelândia em 1977 como exilado político depois de fugir do seu país natal com os seus dois filhos. Estabeleceu-se em Christchurch mal chegou e desde então nunca mais saiu. Apesar de ainda não terem sido divulgadas informações mais detalhadas sobre Nabi, é sabido que Yama Nabi, seu filho, também está entre as vítimas mortais. Como o Observador já tinha escrito este sábado de manhã, Daoud Nabi tornou-se num herói nacional ao ter-se metido à frente de um dos atiradores e salvando vidas ao fazê-lo.

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Naeem e Talha Rashid

Naeem Rashid tinha 50 anos, Talha Rashid, o seu filho, 21 — ambos morreram na passada sexta-feira e fazem parte do grupo total de seis paquistaneses que foram dados como mortos na sequência do ataque às mesquitas, numero confirmado por Mohammad Faisal, o porta-voz do ministério dos negócios-estrangeiros do Paquistão. Entretanto a CNN conseguiu entrar em contacto com o irmão mais velho de Naeem, Khurshid Alam, que adiantou que o irmão estava na Nova Zelândia há sete anos e era professor universitário. Talha, o seu sobrinho, era estudante. Mohammad Faisal anunciou também os restantes nomes dos paquistaneses vitimados no tiroteio. Entre eles estão Sohail Shahid, Syed Jahandad Ali, Syed Areeb Ahmed e Mahboob Haroon (ainda há três desaparecidos).

Lilik Abdul Hamid

O ministério dos negócios estrangeiros da Indonésia expressou as suas “profundas condolências” e ofereceu as suas “orações” a Lilik Abdul Hamid e à família que esta deixou para trás, através do Twitter. Não revelaram, porém, mais informações sobre esta vítima.

Khaled Mustafa

Passou pouco mais de um ano desde que Khaled Mustafa fugiu da Síria acompanhado da mulher e dos três filhos. Por ironia do destino, o refugiado e dois dos seus filhos morreram baleados na passada sexta-feira enquanto faziam as suas orações. A confirmação foi dada pela instituição Syrian Solidarity New Zealand, que apoia refugiados no seu processo de integração em território neozelandês. “Khaled Mustafa é um refugiado sírio que veio para a Nova Zelândia em 2018 com a sua família (a mulher e três filhos), achando que finalmente estavam em segurança”, relatou o porta-voz do grupo, Ali Akil, ao jornal neozelandês Stuff. Explicou ainda que a mulher de Khaled estava “devastada e profundamente horrorizada” com tudo o que sucedeu nas últimas 24 horas.

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Hamza Mustafa

Hamza Mustafa tinha 14 anos e rezava na companhia do pai, Khaled (em cima mencionado), e do irmão, Hamza, quando ambos foram mortos. O pequeno Zaid, de 13 anos, também os acompanhava mas sofreu apenas ferimentos. Segundo o mesmo Ali Akil, encontra-se fora de perigo no hospital de Christchurch. Nem ele nem a irmã mais nova sabem que o pai e os irmãos morreram.

Atta Elayyan

Este natural do Kuwait tinha 33 anos, era o guarda-redes da seleção nacional de futsal da Nova-Zelândia e foi outra das vítimas. Segundo o site Stuff, Elayyan tinha sido pai há muito pouco tempo e era um conhecido e popular membro da indústria tecnológica de Christchurch — era o diretor e acionista principal de uma empresa chamada LWA Solutions.