O Papa Francisco recusou esta terça-feira a renúncia do cardeal francês Philipe Barbarin, invocando a “presunção de inocência”. “Esta segunda-feira de manhã, pus a minha missão nas mãos do Santo Padre, mas invocando a presunção de inocência, ele não quis aceitar a renúncia”, disse o cardeal e arcebispo de Lyon em comunicado oficial divulgado esta terça a dar conta do encontro da véspera.

Apesar do apoio do Papa, que o deixou tomar a decisão que considerasse “melhor para a vida da diocese de Lyon”, o cardeal Barbarin optou por se retirar “por algum tempo”, deixando a liderança da diocese para o vigário Yves Baumgarten. Em causa está o facto de, a 7 de março deste ano, o cardeal ter sido condenado a seis meses de prisão com pena suspensa por não ter dado seguimento a denúncias de abusos sexuais de um padre, Bernard Preynat, que teria abusado de jovens escuteiros.

Cardeal francês condenado por não denunciar abusos sexuais a menores

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O caso surgiu a público a 23 de outubro de 2015, dia em que a diocese de Lyon revelou que tinha recebido queixas contra o padre Bernard Preynat por “agressão sexual a menores” cometida 25 anos antes. A 12 de janeiro de 2016, várias vítimas criaram uma associação chamada “La parole libéreé” e a 27 de janeiro o padre Bernard Preynat, que reconheceu os factos, foi acusado de agressão sexual a quatro jovens escuteiros entre 1986 e o final de 1991.

Numa entrevista ao jornal católico La Croix, a 10 de fevereiro de 2016, o cardeal Philippe Barbarin, arcebispo de Lyon desde 2002, chegou a admitir que estava ciente dos comportamentos desse padre “por volta de 2007-2008”, através de terceiros, e que conheceu uma das vítimas em 2014.

O padre em causa foi impedido de lidar com grupos de escuteiros masculinos no início dos anos 90, mas só em 2015 foi afastado das suas funções na diocese, justamente pelo cardeal Barbarin. O arcebispo de Lyon garante ter aberto uma investigação logo depois de ter sido informado das ações de abuso sexual, o que diz ter acontecido em 2014. O advogado das vítimas, Jean Boudot, garante contudo que Barbarin estava a par das denúncias pelo menos desde 2010.