Tem uma envergadura maior do que um campo de futebol de 11 profissional e é impulsionado por seis motores de Boeing 747. O Stratolaunch é o maior avião do mundo e voou este sábado pela primeira vez, por cima do deserto do Mojave (a norte de Los Angeles, Estados Unidos).

“Finalmente conseguimos!”, declarou o CEO da Stratolaunch Systems, Jean Floyd, numa conferência de imprensa improvisada no hangar do Mojave Air & Space. “Foi um momento de grande emoção ver aquele pássaro enorme a levantar voo”.  A Stratolanch foi fundada em 2011 pelo falecido Paul Allen, co-fundador da Microsoft. “Sonhei com este momento durante anos, mas nunca o imaginei sem o Paul ao meu lado”, disse Floyd. Paul Allen morreu em outubro do ano passado, aos 65 anos, devido a complicações relacionadas com um linfoma.

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O avião Stratolaunch é uma plataforma de lançamento de foguetões voadora, desenhado para colocar satélites em órbitas de baixa altitude. Pretende posicionar-se como uma alternativa mais económica para colocar objetos no espaço, seja para uso civil, militar ou até mesmo para a NASA. Ou seja, o enorme aparelho de seis motores não servirá para transporte de pessoas, apenas para levar foguetões com satélites até ao limiar da estratosfera.

O piloto de testes Evan Thomas conduziu o jato a velocidades de cerca de 173 milhas por hora, subindo aos 15 mil pés, antes de regressar em segurança ao hangar, duas horas e meia depois de ter descolado.

“Na maior parte do tempo, o avião comportou-se como prevíamos”, disse Thomas, um antigo piloto de F-16 da Força aérea norte-americana. “No geral, foi fantástico. Honestamente, não podia esperar mais de um primeiro voo, especialmente num avião com a complexidade e características únicas deste”.

O Stratolaunch mede 117,34 metros de uma ponta da asa à outra — uma envergadura superior a qualquer outro avião no planeta. Do nariz à cauda mede 72,5 metros, com duas fuselagens (como se fosse um catamarã). Pesa 226,7 toneladas e é tão grande que tem dois cockpits (ainda que apenas um seja usado para pilotar). E tem 15 metros de altura, das rodas à ponta do leme da cauda.

“É tão enorme que parece que não deveria conseguir voar”, declarou à CNN Jack Beyer, um fotógrafo especializado em aviação e tecnologia aeroespacial do site NASASpaceFlight.com.

Quando completar todos os testes (e estiver devidamente certificado) o Stratolaunch vai funcionar como uma plataforma de lançamento voadora. O jato levantará voo, com um foguetão acoplado, da pista no deserto do Mojave e subirá a uma altitude de 35 mil pés. Uma vez chegado a essa altitude, os pilotos fazem o lançamento do foguetão numa trajetória ascendente, direito ao espaço. O avião regressa então à pista do Mojave, enquanto o foguetão transporta o satélite que leva a bordo até uma órbita entre os 482 e 2.000 quilómetros acima da Terra. O foguetão depois cai rumo à terra, desfazendo-se ao reentrar na atmosfera.

A empresa não revelou o custo do avião, mas já são conhecidos alguns pormenores do Stratolaunch. É feito de fibra de carbono em vez de alumínio, para poupar no peso (mas mantendo a rigidez da estrutura). Usa seis motores Pratt & Whitney iguais aos que eram usados nos Boeing 747 (uma opção mais barata do que desenhar novos motores de raíz), bem como os trens de aterragem do mesmo modelo, mas com… 28 rodas.

Apesar de apenas ter voado uma vez, o Stratolaunch terá de enfrentar desde já a concorrência do multimilionário britânico Richard Branson e da sua empresa, a Virgin Orbit. O modelo de negócio da Virgin Orbit é precisamente o de colocar foguetões com satélites na órbita terrestre, mas usando um Boeing 747-400 (uma plataforma já amplamente testada) especialmente customizado para o efeito. A Virgin Orbit planeia fazer o seu primeiro voo no Mojave “em meados do ano”.