O PCP já tinha criticado as propostas de PSD e CDS na Comissão de Educação sobre a contagem integral do tempo de serviço dos professores. Para os comunistas, ambas representam uma cedência às imposições de Bruxelas por estarem sujeitas a aspetos financeiros e orçamentais que “na prática anulariam a concretização da contagem integral do tempo de serviço”. Esta manhã, em entrevista à Rádio Renascença,  o secretário-geral do comunista voltou a repetir todos estes argumentos e afirmou que “com a salvaguarda proposta pela direita nem em 50 anos os professores recuperariam o tempo que lhes é devido“.

Já na noite desta segunda-feira, o comunicado emitido pelo PCP falava nestes 50 anos. “As propostas apresentadas por PSD e CDS significariam fixar um prazo de, no mínimo, 50 anos para a concretização da contagem integral do tempo de serviço”, lia-se na nota enviada às redações.

Sem apresentar contas ou justificações, os comunistas anunciavam assim que não iam ceder aos apelos de Mário Nogueira da Fenprof, que pedia que BE e PCP aprovassem as propostas de PSD e do CDS, que serão votadas em plenário. Uma preocupação que Jerónimo de Sousa garantiu “compreender”, embora tenha considerado que nestes casos “é preciso olhar para a matéria de facto” e não apenas para os desejos de todos os envolvidos.

PCP não cede a Mário Nogueira. “O PCP manterá a sua coerência”

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Tanto no comunicado, que serviu para justificar as razões pelas quais os comunistas não vão aprovar as avocações dos dois partidos de direita, como na entrevista desta terça-feira de Jerónimo de Sousa à Rádio Renascença, o PCP atacou fortemente as propostas de PSD e CDS. Falando sempre em “recuo” em relação ao texto conjunto aprovado por PSD, CDS, Bloco de Esquerda e PCP na quinta-feira, na Comissão de Educação, o secretário-geral do PCP voltou a acusar Assunção Cristas e Rui Rio de “calculismo político“.

Para o PS, Jerónimo de Sousa tinha reservadas palavras não menos simpáticas. O líder comunista considerou que a declaração de António Costa criou uma crise política artificial e reafirmou que o seu partido não cede a “ultimatos nem a chantagens”.

Apesar dos ataques disparados em todas as direções, a votação destas propostas vai servir para pôr um final na crise política e para evitar a queda do Governo de António Costa.