Numa pesquisa feita por cientistas na Rússia foi descoberto que há 30 mil anos havia humanos a habitar a Sibéria antiga, os ‘Antigos Paleo Siberianos’, com um ADN distinto dos eurasiáticos e dos asiáticos ocidentais. Os especialistas dizem que esta descoberta pode ajudar a resolver mistérios antigos sobre os antepassados dos nativos norte-americanos, conta o The Guardian.

Acredita-se que os antepassados dos norte-americanos chegaram da Euroásia através de uma ponte chamada Beringia, mas nunca se chegou a uma conclusão sobre a origem dessas populações.

Os especialistas revelaram à revista Nature que encontraram vestígios de 34 indivíduos localizados na zona nordeste da Sibéria e afirmaram que estes são datados de entre 31 mil até 600 anos.

Foi em 2001 que começaram as escavações em Yana Rhinoceros Horn, na Rússia e foi onde encontraram fragmentos de dentes de leite minúsculos de humanos do sexo masculino. Também encontraram partes de ossos e algumas ferramentas feitas em pedra. Estas evidências indiretas da existência de populações humanas no nordeste da Sibéria remontam a mais de 40 mil anos.

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Os resultados do ADN destes indivíduos revelaram que faziam parte de um grupo anteriormente desconhecido e que eram geneticamente distintos tanto dos eurasiáticos ocidentais quanto dos asiáticos orientais. As pesquisas mostram que se separaram pouco depois dos eurasiáticos ocidentais e dos asiáticos orientais se tornaram geneticamente distintos.

Esta população não aparenta ser o ancestral direto dos nativos americanos

A análise sugere que a população que se tornou ancestral dos nativos norte-americanos foi o resultado de ligações de há 20 mil anos entre os asiáticos orientais, que viajaram para o norte, e um grupo distante dos siberianos setentrionais. Os asiáticos orientais também se misturaram com outros descendentes de antigos siberianos setentrionais para dar origem a outro grupo, que a equipa apelidou de ‘Antigos Paleo Siberianos’, que suplantaram os anteriores.

Os nativos americanos não são os primeiros no nordeste da Sibéria como a maioria das pessoas, se não todos, pensavam“, disse Willerslev, diretor do Centro de Geogenética da Fundação Lundbeck na Universidade de Copenhaga.

Acrescentou que o ADN recuperado no nordeste da Sibéria a partir do que se acredita ser um Paleo Siberiano antigo foi crucial para o trabalho. “Esta é a primeira evidência que temos, evidência real, de algo muito próximo geneticamente aos nativos americanos”, disse Willerslev.

A equipa de investigação acrescentou que há uma possibilidade de que uma mistura entre os asiáticos orientais tenha ocorrido no sul de Beringia — uma das áreas que poderiam ter oferecido descanso das condições adversas da época.

John Hoffecker, da Universidade do Colorado Boulder, que não esteve envolvido no estudo, elogiou a pesquisa, ao dizer que uma característica marcante do estudo é o facto de que os seres humanos há 30 mil anos se adaptarem muito bem no nordeste da Sibéria, mesmo em condições muito difíceis. “Essa é uma população bastante saudável”, disse. “Não fazíamos ideia há 30 anos que tínhamos uma população robusta e saudável de caçadores-coletores que prosperava no alto Ártico há 30 mil anos — é incrível.”

Hoffecker acrescentou que a presença do grupo sugere que foram as camadas de gelo na América do Norte, e não as condições hostis em Beringia, que impediram as pessoas de chegar às Américas mais cedo.