Artigo atualizado às 15h30 com informação sobre participação de Boris Johnson num debate

O favorito a suceder Theresa May na liderança do Partido Conservador britânico, Boris Johnson, recusou participar no debate deste domingo no Channel 4 com os restantes candidatos, mas aceitou entrar num outro debate da BBC, na terça-feira. A informação foi avançada pelo The Guardian esta sexta-feira. A decisão de Johnson surge depois de ter sido pressionado pelos candidatos para participar em debates.

Boris Johnson, anterior ministro dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido, tem optado por uma estratégia de pouca interação com a imprensa, o que lhe tem valido várias críticas por parte dos seus adversários políticos. De acordo com o jornal britânico The Guardian, desde o início da campanha (após o anúncio da demissão de Theresa May), Boris Johnson só respondeu a seis perguntas de jornalistas — e tem recusado sucessivamente todos os pedidos da imprensa para dar entrevistas.

E nem todas as críticas o fizeram aceitar um convite do Channel 4 para participar num debate que o candidato receou poder tornar-se “cacofónico”. “Acho importante termos um debate sensível e maduro. Penso que no passado quando tiveram muitos candidatos (a debater), pode-se tornar ligeiramente cocofónico”, afirmou o candidato. O Channel 4 já tinha dito que, se Johnson faltasse ao debate de domingo, estaria no seu lugar uma cadeira vazia. Mas acabou por aceitar, esta sexta-feira, entrar num debate com os restantes candidatos no canal BBC, por considerar ser o sítio certa para discutir o tema das eleições.

Esta quinta-feira, Johnson ganhou a primeira volta da eleição interna, reunindo 114 votos entre os 313 deputados conservadores que estão habilitados a votar. Os deputados do Partido Conservador vão participar numa série de votações com o objetivo de reduzir os candidatos a dois favoritos — que serão depois escolhidos pelos militantes do partido através de voto por correspondência.

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Candidatos pressionaram principal rival

Os oponentes de Johnson que ainda se encontram na corrida — Jeremy Hunt, Michael Gove, Dominic Raab, Sajid Javid e Rory Stewart (Matt Hancock demitiu-se entretanto) — assinaram esta semana um comunicado em conjunto no qual se comprometeram a participar em debates televisivos. O objetivo foi usar em sua vantagem a recusa de Johnson em participar nestes debates.

“O próximo líder conservador, e primeiro-ministro, terá a tarefa crucial de unir o Reino Unido sob uma nova visão — não apenas para cumprir o Brexit, mas para definir o que vem depois”, lê-se no comunicado citado pela imprensa britânica. “Esta corrida à liderança é uma oportunidade importante para debater, formar e definir as ideias que vão sustentar essas visões em competição. É por isso que nos comprometemos a participar nos debates televisivos no Channel 4 este domingo e na BBC na próxima terça-feira”, continua o comunicado.

Os vários candidatos falaram publicamente sobre a opção de Boris Johnson de recusar contactar com os jornalistas, apelando diretamente à participação do candidato nos debates televisivos.

Jeremy Hunt, que ficou em segundo no primeiro dia de votações, disse que Johnson tem de ser “mais corajoso”. “Esse debate só pode acontecer se o nosso principal candidato nesta campanha for um pouco mais corajoso para aparecer nos media e participar em debates”, afirmou o rival de Johnson.

O ministro dos Negócios Estrangeiros inglês – que sucedeu a Johnson – chega mesmo a invocar Winston Churchill para questionar o porquê de o principal candidato se recusar a participar em debates.

Se quer ser primeiro-ministro, tem de se mostrar e provar a sua ideia. O que diria Winston Churchill se alguém que quer ser primeiro-ministro do Reino Unido se esconde dos media e não participa nestes grandes eventos?”, disse Hunt.

O atual secretário de Estado para o Desenvolvimento Internacional, Rory Stewart, um dos candidatos com menos votos, veio mesmo questionar o que é que Boris Johnson tem a esconder ao optar por não falar com jornalistas.

O porta-voz de Boris Johnson disse que o candidato está “em conversações” com as emissoras televisivas com vista à possível participação nos debates.