José Artur Neves, secretário de Estado da Proteção Civil sabia que as golas antifumo eram inflamáveis pelo menos há um ano, avançou a SIC Notícias. A 4 de julho de 2018, José Artur Neves deu uma entrevista ao programa “Queridas Manhãs”, da SIC, na qual apresentava o Kit “Aldeia Segura”. Durante a conversa com Júlia Pinheiro o governante apresentou “um gorro, para proteger do fumo”.

Ao tentar perceber a especificidade do material, a apresentadora perguntou se se tratava de um “tecido especial. É não inflamável, é isso?”, perguntou. “Não não é, deve humedecer-se”, esclareceu o membro do Governo.

No entanto, no Guia de Apoio à implementação que acompanha o kit, é recomendado que se deve “manter a roupa seca (a água é uma substância muito condutora pelo que a roupa molhada aquece rapidamente, podendo aumentar a gravidade das queimaduras)”.

Quando a polémica com a distribuição de setenta mil golas antifumo às populações estalou na sexta-feira, José Artur Neves remeteu a responsabilidade para a Protecção Civil referindo apenas “que alguns especialistas dizem que é inflamável”.

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No vídeo, Artur Neves parece não ter dúvidas, respondendo não ser não inflamável. Cresce assim a pressão sobre o governante que está debaixo de uma outra controvérsia noticiada na segunda-feira pelo Observador: a de que o secretário de Estado omitiu que o filho fizera contratos diretos com o Estado.

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As golas foram distribuídas no âmbito do programa “Aldeias Seguras” e a  Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) veio entretanto esclarecer que os materiais distribuídos no âmbito dos programas não são de combate a incêndios nem de proteção individual, mas de sensibilização de boas-práticas. Num segundo momento, veio acrescentar que as golas antifumo distribuídas no âmbito do programa “Aldeia Segura” destinam-se apenas a movimentos rápidos de retirada de pessoas em caso de incêndio e que a sua segurança não está em causa.

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