Nomes foram muitos. Alguns mais conhecidos, como Gigi Buffon (PSG/sem clube), Keylor Navas (Real Madrid), Kevin Trapp (PSG), Guillermo Ochoa (Standard Liège) ou Anthony Lopes (Lyon). Outros menos sonantes, casos de Jean Butez (Mouscron), Tomas Koubek (Rennes), Dominik Greif (Slovan Bratislava) ou Julian Pollersbeck (Hamburgo). Antes e depois do anúncio oficial da decisão de Iker Casillas em retirar-se – pelo menos e para já de forma temporária – dos relvados para debelar o problema de saúde que o afetou no final da última temporada, uma posição em específico quase encheu o cartão das 11 possibilidades de sucessão do antigo internacional espanhol. No final, a baliza ficou para um argentino: Agustín Marchesín.

Sérgio, o repatriado que abriu o primeiro Magnit na cadeia de Conceição (a crónica do Krasnodar-FC Porto)

Apesar de ter feito apenas um par de treinos desde que chegou à Invicta como penúltimo reforço do conjunto comandado por Sérgio Conceição (houve ainda depois o também jogador do América, Mateus Uribe), o internacional foi opção inicial no primeiro encontro oficial da temporada e logo com uma estreia de fogo num local que lhe diz muito: foi no recinto do Krasnodar que, em novembro de 2017, realizou o primeiro encontro como titular da seleção argentina, numa derrota por 4-2 frente à Nigéria. Agora começou uma nova etapa, com a curiosidade de ter aquele que mais apostou em si na bancada.

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Por causa de mais um atraso na reentrada no jogo com o Liverpool, Sérgio Conceição acabou por ser sancionado pela UEFA e deixou o comando da equipa para os seus adjuntos. Foi o técnico que, perante o pode-deve-acontece, quis apostar no ex-número 1 do América não só pelas qualidades na baliza mas também pelo espírito de líder que foi mostrando dentro e fora de campo, como se percebeu num vídeo de uma palestra no balneário da equipa muito divulgado na altura em que foi anunciado como reforço dos azuis e brancos. Nascido em San Cayetano, passou pelo Huracán de Tres Arroyos antes de chegar ao Lanús, onde se estreou no Campeonato argentino e na Taça dos Libertadores. Cinco anos depois, em 2014, arriscou a primeira aventura no estrangeiro, pelos mexicanos do Santos Laguna onde este duas temporadas antes de se mudar para o América.

Além das capacidades entre os postes, que lhe valeram não só a chamada por Jorge Sampaoli à equipa principal da Argentina mas também mais do que um reconhecimento individual como melhor guarda-redes da Liga mexicana, Marchesín é conhecido pela forma como vive todo o mundo do futebol de forma apaixonada, o que lhe valeu uma legião de fãs pelos clubes onde foi passando. Curiosamente, “Marche”, como também é conhecido, substitui agora aquele que era o seu ídolo na adolescência, Casillas. “Essa foi sempre a minha ‘sorte’. Tive de substituir Oswaldo Sánchez, depois Moisés Muñoz e agora Iker. Em todos os clubes enfrentei um desafio difícil. O FC Porto é um grande clube, com obrigação de ganhar e ser campeão”, comentou à chegada a Portugal, após 20 horas de viagens de avião e antes de seguir de carro para o Porto nessa madrugada de 2 de agosto. Outro dado de interesse: tem facilidade em jogar com os pés porque até aos iniciados era avançado e não guarda-redes.

Essa acabou por ser uma das marcas de Marchesín, o primeiro argentino na baliza do FC Porto, na sua estreia: a facilidade com que jogava com os pés e dava apoio aos centrais quando não conseguiam sair com bola de trás. No entanto, o grande momento estaria guardado para os 81′: naquela que foi a única intervenção ao longo da partida, o número 32 teve uma defesa “impossível” a remate de Cabella que segurou o nulo antes de Sérgio Oliveira sentenciar o encontro de livre direto aos 89′.

“Marchesín? A confiança tem a ver com o que dizem diariamente no treino, a vivência diária. Isso é que é importante. Não jogam porque têm 19 anos, porque são da formação ou porque custam não sei quantos milhões, na camisola não diz quantos milhões custou. Vejo quem está nas melhores condições para dar melhor resposta. Marchesín deu-me todas as garantias porque vinha também já de um Campeonato que já tinha começado. É um guarda-redes muito experiente, tranquilo, com uma qualidade que conhecia. Estavam todos os ingredientes reunidos para que começasse o jogo. Mas quero deixar uma palavra para o Diogo Costa, o Vaná e o Mbaye, que têm trabalhado muito bem”, comentou no final o técnico portista, Sérgio Conceição.