É um dos desenvolvimentos mais recentes do caso Plácido Domingo e das acusações de assédio que envolvem o tenor e maestro espanhol. Com o impacto imediato a surgir sobretudo do outro lado do Atlântico, a Opera de Los Angeles avançou esta terça-feira que irá abrir imediatamente “uma investigação independente” às acusações de assédio sexual contra a estrela da ópera e diretor geral da companhia. Debra Wong Yang, da firma de advogados Gibson, Dunn & Crtucher, foi o nome apontado pela Opera, num curto comunicado, para se associar a este processo.

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A decisão surge numa altura em que em Espanha novas vozes vão recuando no tempo e no baú de memórias. Em causa estará agora o comportamento que o tenor teve com a jornalista Karmele Marchante. Num artigo publicado no seu blogue no Huffington Post, citado pelo jornal espanhol El Mundo, a autora revê um episódio ocorrido durante uma entrevista a Plácido Domingo nos idos de 80, quando alegadamente se terão dado a maior parte dos casos, e aponta o dedo ao “patriarcado” sempre pronto para atacar as “feministas supremacistas”.

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O encontro entre ambos decorreu no Liceu de Barcelona, com Karmele a confessar que quando deu por terminada a conversa, PLácido “aproximou-se mais do que devia e com cara de quero, posso e mando, convidou-me para ficar no mesmo hotel em Nova Iorque em que ele ficaria alojado uma semana mais tarde…e como tínhamos amigos em comum, jantarmos juntos”. Karmele descreve ainda que naquele momento “algo soou no meu interior”, a que se juntou a chegada inesperada da mulher do tenor, Marta Ornelas.

Marchante narra ainda no seu artigo como aproveitou a deixa para se raspar peranta a incómoda situação. “A senhora pensou mais do que viu e, qual protagonista das óperas do seu marido, esteve ao ponto de me atacar verbalmente, estado que me levou a uma rápida despedida”. A jornalista catalã conta ainda que mais tarde, pelas duas da manhã, Domingo haveria de ligar-lhe a partir de Viena, não para se desculpar pelo sucedido mas para pedir desculpas pelo comportamento da sua mulher. E apesar de tudo isto, “mantinha o seu convite”. Karmele recusou a oferta e só voltou a reencontrar-se com o maestro em 1992, quando o entrevistou de novo, agora a propósito de “O Barbeiro de Sevilha”.