Desfalcada pela ausência de mais uma vintena de construtores, a edição deste ano do Salão de Frankfurt não serviu apenas para mostrar as mais recentes novidades dos fabricantes de automóveis. Para o CEO do Grupo Volkswagen, Herbert Diess, foi também o palco mais oportuno para enviar alguns recados políticos.

No certame que está de portas abertas até ao próximo dia 22, as principais novidades do conglomerado germânico são exclusivamente movidas a bateria. A começar pelo ID.3, que aí fez a sua estreia mundial, tal como aconteceu com o Taycan da Porsche. Mas, por estes dias, Frankfurt é também a montra do novo trio de citadinos eléctricos, nomeadamente o VW e-up!, Skoda Citigoe iV e Seat Mii electric. Serão estes os modelos 100% eléctricos mais acessíveis do Grupo Volkswagen e, por isso mesmo, aqueles que tenderão a conquistar maior número de clientes. Contudo, para que até as pessoas com orçamentos mais limitados ponderem trocar o seu automóvel a gasolina ou a gasóleo por um veículo puramente eléctrico, é preciso que essa decisão “valha a pena”, defende Diess. Por exemplo, se a electricidade fosse à borla, seria muito mais fácil conquistar novos clientes, argumenta o CEO, defendendo que a recarga das baterias deveria ser grátis para veículos com um preço inferior a 20.000€.

Seat Mii electric por 16.300€ na Alemanha

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Sucede que, aproveitando a visita da chanceler Angela Merkel ao stand da Volkswagen, este não foi o único desafio lançado por Diess. O CEO também tratou de deixar bem claro que a classe política não se pode limitar a exigir. Também ela deve cumprir a sua quota-parte:

Estamos a atravessar uma mudança de paradigma que a indústria automóvel não pode enfrentar sozinha. Para que a mobilidade zero emissões tenha uma rápida aceitação, precisamos de um plano global e de um maior comprometimento de todas as partes, sobretudo no que diz respeito à transição energética e ao desenvolvimento das infra-estruturas de carregamento.”

O responsável máximo do conglomerado germânico frisou ainda que as metas estabelecidas pelo Acordo de Paris, que determinam uma redução do CO2, só poderão ser cumpridas se, de facto, se passarem a vender mais carros eléctricos. O que obrigará, segundo ele, a estender os incentivos inclusivamente ao mercado de usados e a manter uma tributação atractiva para empresas. A já referida electricidade grátis para a recarga dos modelos mais acessíveis também favoreceria a balança a pender para o lado da mobilidade eléctrica. Resta saber se Angela Merkel passará a mensagem aos restantes líderes europeus… Quer o faça ou não, é pública a intenção da Volkswagen de lançar perto de 70 modelos eléctricos nos próximos 10 anos.