Depois de uma semana com compromissos para a Taça da Liga inglesa que permitiram rodar a equipa e dar minutos aos jovens da formação e aos elementos menos utilizados do plantel, o Liverpool visitava o Sheffield United antes de receber o RB Salzburgo já na terça-feira, na segunda jornada da Liga dos Campeões. O objetivo, acima de todos os outros, era chegar à sétima vitória em sete jogos na Premier League, garantir desde já a manutenção da vantagem em relação ao Manchester City e seguir caminho na demanda de conquistar a liga inglesa depois de 30 anos de marasmo.

Para isso, Jürgen Klopp regressava àquele que é atualmente o onze tipo dos reds, com a tripla Salah-Mané-Firmino na frente, Wijnaldum, Fabinho e Henderson no meio-campo e Van Dijk e Matip ladeados por Alexander-Arnold e Robertson nas laterais da defesa. Em teoria, a visita ao recém-promovido Sheffield poderia até ser um brinde depois de quatro semanas seguidas em que o Liverpool teve de enfrentar adversários empiricamente mais complicados (Arsenal, Burnley, Newcastle, Chelsea), mas a história ensinava-nos que a tarefa poderia ser mais bem difícil do que o esperado. A verdade é que Bramall Lane, o estádio do Sheffield, é um de apenas três recintos onde os reds nunca venceram na Premier League — a par do City Ground do Nottingham Forest e de Bloomfield Road, do Blackpool. Ao quarto jogo em Bramall Lane, o Liverpool ainda procurava o primeiro resultado positivo.

E além de estar respaldado pela história, o Sheffield trazia também na bagagem uma convincente vitória fora perante o Everton de Marco Silva (0-2), um dos candidatos a incomodar os big six ingleses, e um surpreendente sétimo lugar naquela que é a primeira temporada do clube na Premier League desde 2006 (com os mesmos pontos de Chelsea, Manchester United e Tottenham, por exemplo). O conjunto orientado por Chris Wilder é notoriamente destemido e foi assim que se apresentou este sábado, ao assumir desde logo a vontade de lutar pelo resultado e fazer o primeiro remate enquadrado da partida, por intermédio de McBurnie. O Liverpool demorou a colocar alguma velocidade na partida, privilegiando sempre o controlo das ocorrências com uma posse de bola ponderada e lenta, e só construiu a primeira oportunidade já depois da meia-hora: Van Dijk, com um passe que atravessou o campo todo, descobriu Mané a desmarcar-se mas o avançado deixou a bola fugir e rematou muito ao lado quando já estava na cara do guarda-redes (34′).

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A ocasião desperdiçada por Mané injetou alguma energia nas movimentações do Liverpool, que ainda assim estava mais focado em aproveitar os erros e as perdas de bola do Sheffield para avançar em transição. Foi assim que o avançado senegalês voltou a estar perto de inaugurar o marcador, depois de um passe errado de Flack, com Salah a conduzir e Firmino a assistir Mané, que acertou no poste (42′). Na ida para o intervalo, o Sheffield estava bem na partida e ia impedindo que o Liverpool assentasse arraiais no seu meio-campo defensivo mas a verdade é que existia a ideia latente, ainda que contraditória, de que a equipa de Chris Wilder estava sempre mais perto de sofrer um golo quando se alongava no relvado e procurava a baliza de Adrián: isto porque assim que perdia a bola era apanhada em contra pé por parte do Liverpool, que se lançava em velocidade através dos três elementos da frente.

Sadio Mané poderia ter inaugurado o marcador duas vezes antes do intervalo

Na segunda parte, o Liverpool subiu as linhas e tentou jogar sempre mais perto da baliza de Henderson — nesta altura, era o Sheffield que procurava o cinismo que a equipa de Klopp apresentou no primeiro tempo, resguardando as investidas ofensivas para o contra-ataque e para as transições rápidas, colocando o principal foco na defesa do nulo do marcador. Foi num desses lances de contra golpe que Norwood assustou Adrián, com um remate de muito longe que obrigou a uma defesa apertada (64′), e o treinador do Liverpool reagiu com a entrada de Origi para o lugar do capitão Henderson.

Ainda assim, e a apesar da entrada de um quarto homem de ataque, a verdade é que a estratégia de Jürgen Klopp estava totalmente montada a pensar num erro do Sheffield: um erro num passe, um erro numa transição, um erro de perceção. O tão aguardado erro, que acabou por valer a sétima vitória consecutiva do Liverpool na Premier League, chegou por intermédio do guarda-redes Henderson. Depois de um pontapé de canto, a bola sobrou para a entrada da área e para Wijnaldum, que rematou forte mas para o centro da baliza; Henderson, que parecia ter tudo controlado, deixou a bola fugir pelo meio das pernas e permitiu o golo do holandês (70′).

Até ao final, Salah ainda teve tudo para aumentar a vantagem — Henderson redimiu-se e realizou uma grande defesa com o pé — mas o Liverpool foi mesmo para casa com uma vitória pela margem mínima. Ainda assim, e com a total noção de que realizou o jogo mais sofrível da atual temporada, a equipa de Jürgen Klopp garantiu a manutenção da vantagem sobre o Manchester City e vai receber o Salzburgo, em Anfield, sobre uma vitória e depois de um encontro em que apresentou serviços mínimos. Pelo meio, Henderson deu um frango que fica para a história e que fez história, já que garantiu o primeiro resultado positivo de sempre do Liverpool em Bramall Lane.