Depois de entrar em território português no final do ano passado, a VOI anunciou esta sexta-feira o encerramento das operações em Portugal. “Lamentamos anunciar que decidimos encerrar as nossas operações em Lisboa e, definitivamente, em Portugal”, escreveu a empresa de trotinetes em comunicado. A decisão, acrescenta, tem por base “o mercado atual e as condições regulatórias em Portugal”.

Ao que o Observador apurou, toda a equipa da VOI em Portugal já foi dispensada. A empresa de micromobilidade estava presente em Lisboa e Faro, tendo sido a primeira empresa de mobilidade a estar em mais de duas cidades portuguesas. Apesar de considerar Lisboa como “uma cidade voltada para o futuro, que adotou a micromobilidade para criar uma cidade mais habitável e sustentável”, a VOI critica alguns problemas que surgiram ao longo das suas operações, como “a desorganização e a condução insegura”.

Fundada em 2018 por Fredrik Hjelm, a VOI aponta também críticas ao modelo de regulação adotado em Lisboa, referindo que a cidade beneficiaria “da mudança para um processo de licenciamento ou um ‘leilão’ de licenças”. Este processo, acrescenta, iria permitir “regular os operadores de micromobilidade através de requisitos e regulamentos, criando efetivamente termos iguais de concorrência para um número limitado de operadores sérios que podem investir em Lisboa a longo prazo e ajudar a cidade a atingir os seus objetivos de mobilidade e sustentabilidade”.

Atualmente, existem oito empresas de trotinetes elétricas a operar em Lisboa, com mais de seis mil veículos espalhados pela cidade. Estas empresas têm de ter uma autorização prévia e cumprir algumas obrigações definidas pela Câmara Municipal de Lisboa, como o cumprimento das zonas de estacionamento, a proibição de estacionamento na zona vermelha (no centro histórico da cidade) e a partilha em tempo real de informações sobre as trotinetes.

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A VOI referiu ainda que nas próximas semanas vai “recolher todas as trotinetes em Lisboa” e que tem agora como prioridade “cuidar dos funcionários e parceiros afetados por esta decisão”, bem como garantir que encerram as operações no país “de forma responsável e eficaz”.

Em fevereiro deste ano, em entrevista ao Observador, Fredrik Hjelm sublinhou que só a cooperação entre três protagonistas pode ajudar a resolver os problemas da regulação do negócio das trotinetes elétricas: “A empresa, a cidade e as pessoas que se movimentam dentro dela”. O atual presidente da VOI acrescentou que a lei e as regulações “ainda não estão adaptadas à nova realidade” e confirmou a vontade em entrar em outras cidades portuguesas.

Fredrik Hjelm, da VOI: “Há um limite para o número de trotinetes que podem existir numa cidade. Mas ainda estamos longe desse limite”