Tal como em outubro de 2017, altura em que foi fotografada a mostrar o dedo do meio à comitiva de Donald Trump, também agora, que se candidatou a um lugar no conselho de supervisores do condado de Loudoun, na Virgínia, Juli Briskman fez questão de não esconder a fotografia que se tornou viral e a fez famosa. Em campanha, apresentou-se mesmo assim, como a mulher que mostrou o dedo a Trump.

O resultado é que foi um pouco diferente: há dois anos, a fotografia captada por um dos fotógrafos que seguiam na caravana presidencial, à saída de um dos campos de golfe privados de Trump, fez com que Juli fosse despedida da empresa onde trabalhava; agora, ajudou-a a derrotar a rival republicana Suzanne Volpe e a ser eleita para o cargo.

No Twitter, a agora representante pública citou a reportagem que o Washington Post fez sobre a eleição e aproveitou para se congratular pela vitória, bastante fria mas nem por isso menos doce. “Afinal, um certo campo de golfe, propriedade de um certo presidente, faz parte do distrito de Briskman. ‘Não é doce esta justiça?’ perguntou ela, com a gargalhada a sugerir que sabia a resposta para a sua própria pergunta.”

Logo em novembro de 2017, entrevistada pelo britânico The Guardian, Juli Briskman, 52 anos, mãe de dois adolescentes, explicou que o gesto que instintivamente atirou a Donald Trump, quando o viu passar, naquela tarde de sábado, não fazia parte dos seus recursos habituais. “Foi mais ou menos tipo, aqui estou eu na minha bicicleta. Não tenho nada, certo? No fundo aquela era a única coisa que eu tinha para expressar a minha opinião. Ele não ia ouvir-me através do vidro à prova de bala… Portanto aquela era a única maneira que eu tinha de dizer aquilo que queria dizer, certo?”.

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Apesar de na fotografia, que rapidamente se tornou viral, o rosto de Briskman não ser visível, rapidamente se soube quem era a ciclista que tinha mostrado o dedo a Trump. Como se não bastasse, ela própria fez questão de mudar rapidamente a sua foto de perfil nas redes sociais. Em pouco mais de uma semana, foi despedida da Akima, a empresa onde trabalhava há cerca de meio ano e que por acaso até era uma das contratantes do governo norte-americano. Agora, dois anos depois, virou o jogo, capitalizou a fotografia e foi eleita para o cargo a que concorreu.

As eleições na Virgínia são consideradas uma espécie de barómetro para as presidenciais e Juli Briskman não foi a única democrata a ganhar: os azuis venceram no Senado e na Câmara dos Deputados

Na eleição barómetro para as presidenciais nos EUA a vitória foi para os Democratas