A Seleção Chilena de Futebol cancelou o jogo particular com o Peru numa forma de protesto durante a crise social que persiste no Chile, indicou em comunicado de imprensa a Associação Nacional de Futebol Profissional. “A nossa prioridade sempre foi a proteção das nossas raparigas, rapazes, jogadores, jogadoras, fãs e todos os atletas do mundo do futebol. E a segurança de todos eles continuará a ser a nossa principal preocupação”, justifica a publicação.

Desde 18 de outubro que milhares de chilenos saíram à rua para protestar contra as desigualdades sociais e pedir melhorias na educação e saúde; e o aumento das pensões. A gota de água foi a subida do preço dos bilhetes de metro em Santiago, decisão que seria suspensa e posteriormente anulada pelo governo liderado pelo presidente chileno Sebastián Piñera. As manifestações não pararam e obrigaram Piñera a declarar o estado de emergência em algumas zonas do país.

Por causa das preocupações com a segurança dos atletas, o selecionador Reinaldo Rueda só tinha convocado os jogadores que trabalham em clubes fora do Chile. No entanto, perante a decisão tomada numa reunião para cancelar o encontro com a seleção peruana em Lima a 19 de novembro, Reinaldo Rueda “dispensou de maneira imediata todos os futebolistas, que a partir de agora estão à disposição dos respetivos clubes”, pode ler-se no comunicado.

À chegada ao Chile, Arturo Vidal, que joga no Barcelona, colocou-se do lado da população nas primeiras declarações aos jornalistas: “É complicado. Estou com o povo, que se ergueu e está a pedir o que é justo. Portanto, só posso apoiá-lo ao máximo”. Numa altura em que o encontro com o Peru ainda não tinha sido cancelado, Arturo Vidal realçou a importância de uma vitória futebolística no meio de uma crise social: “Seria muito bom para ajudar em alguma coisa”, comentou.

Gary Medel, capitão da seleção nacional chilena, também comentou a crise social no país, mas utilizando as redes sociais: “Somos jogadores de futebol, mas acima de tudo somos pessoas e cidadãos. Representamos um país completo e hoje o Chile tem outras prioridades. O jogo mais importante é o da igualdade, o de mudar muitas coisas para que todos os chilenos vivam num país mais justo”, escreveu.

Os jogadores tencionam regressar ao ativo no fim de semana de 23 e 24 de novembro, diz uma outra publicação oficial. “O retorno da atividade no futebol não é contrário ao que o nosso país vive, nem rivaliza com as exigências sociais existentes no momento. A atividade futebolística é um espaço para a promoção do diálogo e que contribui para a paz social, sendo esse um dos seus objetivos”, termina.

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