Em atualização

Os incêndios florestais que assolam o centro-sul do Chile, especialmente na região de Valparaíso, fizeram até agora pelo menos 123 mortos, segundo a atualização feita esta terça-feira. É provável que o número total de vítimas aumente nas próximas horas, visto que há muitas dezenas de desaparecidos. De acordo com as autoridades governamentais, há 165 incêndios ativos, que já destruíram casas que albergam mais de 40.000 pessoas. O aumento no número de incêndios, afirmou o Governo, aponta para uma “manifesta intencionalidade” dos novos focos.

O Serviço Médico Legal (SML) do Chile publicou o novo número de mortos, mais dez do que o anterior balanço, e anunciou que nas próximas horas começará a entregar os corpos às famílias das vítimas. Estão a ser recolhidas amostras de ADN junto das famílias. Até à data, apenas 32 corpos foram identificados e poderão ser entregues às respetivas famílias.

O subsecretário do Interior do governo chileno, Manuel Monsalve, afirmou que foram concentradas “todas as capacidades para retirar os corpos setor por setor”. O Presidente, Gabriel Boric, decretou luto nacional por dois dias e já considerou esta a maior tragédia que o Chile viveu desde o grande terramoto de 27 de fevereiro de 2010, que deixou centenas de vítimas do sismo e de um tsunami.

“Digo isto para que possamos medir a dor e a magnitude do que estamos a viver”, declarou Boric, citado pelo El País. O presidente visitou Viña del Mar e Quilpué, duas das cidades mais atingidas na região, localizada a cerca de 120 quilómetros de Santiago, a capital do Chile, no domingo.

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Monsalve sublinhou, ainda assim, que as condições de controlo dos incêndios “melhoraram substancialmente“. “Hoje não há risco iminente para a vida das pessoas. É possível antecipar um eventual controlo dos incêndios nos próximos dias, mas eles ainda estão ativos e o trabalho continua. De acordo com os números atuais, há 165 incêndios no país, mais 11 do que no sábado, dos quais 40 ainda estão por controlar, 112 estão controlados e quatro foram extintos”, sintetizou.

Vários altos responsáveis civis e das forças de segurança apontaram para a intencionalidade dos incêndios e avisaram que irão perseguir os responsáveis. O chefe da Defesa Nacional chilena, contra-almirante Daniel Muñoz, disse em declarações à estação de rádio chilena ADN que há indícios de que “houve um planeamento, algo orquestrado e organizado” e até mesmo um “padrão de comportamento”. Muñoz afirmou ainda que, em princípio, vai-se manter o recolher obrigatório noturno. O diretor geral dos ‘Carabineros’, Ricardo Yáñez, também se referiu à intencionalidade dos novos focos de incêndio. “Se apanharmos pessoas a cometer crimes, acreditem que as vamos prender. Serão entregues ao Ministério Público, se for o caso, porque é nosso dever e obrigação”, disse Yáñez à Radio Bío Bío.

As autoridades alertam para condições “complicadas” na luta contra os incêndios na região turística costeira do Chile, no meio de uma intensa vaga de calor de verão, com temperaturas que atingiram os 40°C durante o fim de semana. O alto-representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros, Josep Borrell, ofereceu este domingo ajuda ao Chile para o combate aos incêndios.

Texto atualizado com o número de mortes às 12h11 do dia 6 de fevereiro.