Dez pessoas morreram e outras nove ficaram feridas na sequência de um novo ataque contra um autocarro no centro de Moçambique, disse esta terça-feira à Lusa um administrador local.

O ataque ocorreu por volta das 6h00 (menos duas em Lisboa) e as vítimas seguiam num autocarro, quando um grupo abriu fogo, na localidade de Mutindiri-2, no distrito de Chibabava, na Estrada Nacional Número 1, disse Luís Nhazonzo, administrador de Chibabava, na província de Sofala.

“As autoridades já estão no terreno e é prematuro avançar detalhes. Oportunamente vamos avançar mais informações”, declarou o administrador, acrescentando que, além do autocarro, o grupo atacou outros dois veículos, sem, no entanto, registo de vítimas.

Uma reportagem do canal televisivo STV mostra o autocarro incendiado na Estrada Nacional Número 1 e o motorista, entrevistado pelo órgão, descreve que grupo estava a “atirar mesmo para matar”.

“Bateram os pneus de frente e eu não consegui mais andar com o autocarro e entrei no mato”, descreve o motorista, acrescentando que, depois de ter parado, ele fugiu e o grupo ficou a incendiar o autocarro, que seguia com pelo menos 23 pessoas.

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“É possível que alguns passageiros tenham sido carbonizados ali dentro”, acrescentou.

Os feridos foram levados ao Hospital de Muxungue.

Desde agosto, um total de 21 pessoas morreram em ataques armados de grupos que deambulam pelas matas nas províncias de Manica e Sofala, incursões que têm afetado alvos civis, policiais e viaturas.

A situação de insegurança afeta dois dos principais corredores rodoviários do país, a EN1, que liga o Norte ao Sul do país, e a EN6, que liga o porto da cidade da Beira ao Zimbábue e restantes países do interior da África austral – levando ao reforço do policiamento e a escoltas nalguns troços.

As incursões acontecem num reduto da Renamo, principal partido de oposição, onde os guerrilheiros se confrontaram com as forças de defesa e segurança moçambicanas e atingiram alvos civis até ao cessar-fogo de dezembro de 2016.

Oficialmente, o partido afasta-se dos atuais incidentes e diz estar a cumprir as ações de desarmamento que constam do acordo de paz de 6 de agosto deste ano, mas um grupo dissidente (considerado “desertor” pela Renamo) liderado por Mariano Nhongo permanece entrincheirado na região, reivindicando melhores condições de desmobilização e ameaçando recorrer as armas caso não seja ouvido.