Aplicações digitais de encontros como o Grindr, o Tinder e o OkCupid enviam dados pessoais como o género, a orientação sexual e a localização dos utilizadores para outras empresas. O caso foi revelado pela Norwegian Consumer Council, uma associação sem fins lucrativos norueguesa de apoio ao consumidor, que afirma que estas empresas não cumprem a legislação europeia, como noticiado pelo The New York Times. Como consequência, o Twitter já cessou relações com o Grindr.

O Grindr, uma das aplicação de encontros mais popular entre a comunidade LGBT, ao enviar o nome da app e localização do utilizador para empresas terceiras está a revelar a estas entidades a orientação sexual de quem usa a aplicação, acusa o relatório. Em países que proíbem estas relações, a obtenção destes dados pode ter resultados nefastos.

No caso do OkCupid, a aplicação enviou dados sobre a etnia e sobre se o utilizador já tinha tomado drogas para uma empresa que vende publicidade direcionada, diz o jornal norte-americano após um teste que fez para comprovar os resultados da investigação.

É com este envio massivo de dados pessoais que empresas de marketing conseguem construir perfis de milhões de pessoas para criar publicidade específica para cada pessoa. Contudo, a atual legislação europeia não permite que as empresas recolham dados sobre a religião, etnia, ou orientação sexual sem o consentimento explícito e claro dos utilizadores, o que não estará a acontecer nestas apps.

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Sempre que abre uma aplicação como o Grindr, as empresas de publicidade obtêm a sua localização GPS, informações do dispositivo e até a informação de que está a usar uma app de namoro gay. Isso é uma enorme violação dos direitos de privacidade da UE”, afirma Max Schrems, fundador da organização europeia sem fins lucrativos Noyb.

A mesma associação norueguesa fez queixa no país sobre estas violações por não cumprir as leis europeias (mesmo fora da União Europeia, as normas são aplicáveis na Noruega por fazer parte do Espaço Económico Europeu). Nos EUA, grupos de consumidores também pediram a reguladores estatais para investigarem este caso.

Ao mesmo jornal, o Match Group, que detém o OkCupid e o Tinder, afirmou que só partilhou os dados necessários a outros serviços cumprindo a legislação vigente. Já o Grindr não comentou o caso, mas referiu que respeita a privacidade dos utilizadores.

Em 2018, o Grindr já tinha sido acusado de partilhar informação sobre se os utilizadores tinham ou não V.I.H. com empresas terceiras. Depois disso, a app de encontros deixou de partilhar estes dados.

Agora, com a revelação deste novo relatório, o Twitter suspendeu o Grindr da sua plataforma de anúncios, como conta o The Guardian. A aplicação poderá, no futuro, mudar os requisitos e a forma de recolha de dados pessoais.