Aconteceu esta quarta-feira mais uma reunião entre o Ministério do Trabalho — Direção Geral do Emprego e das Relações de Trabalho, a gerência da Galiza e o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares para definir o futuro da histórica cervejaria, situada na rua do Campo Alegre. O encontrou durou cerca de duas horas e deixou uma solução em cima da mesa: a insolvência.
“Neste momento não há investidores interessados que queiram assumir a dívida, que ultrapassa um milhão e 800 mil euros”, explica António Ferreira, um dos elementos da comissão de trabalhadores, ao Observador. O funcionário acrescenta que “existiu uma pressão por parte da Segurança Social para que a proprietária abrisse insolvência durante o mês de março, pelo menos até à próxima reunião, já agendada para dia 16”.
Cervejaria Galiza. Funcionários continuam a não deixar que a dona feche o espaço histórico do Porto
Na prática, trata-se de uma “insolvência controlada” já que este cenário não irá alterar o funcionamento do restaurante, uma vez que continuará de portas abertas ao público e com os 29 trabalhadores ao serviço. António Ferreira garante que os pagamentos de água, luz e ordenados estão “todos regularizados” e que pelo menos um funcionário continua a passar a noite na Galiza. “No futuro poderá haver um gestor de insolvência e aí veremos o que poderá mudar. Não é a solução ideal, mas estamos saturados desta situação, queremos que alguém cubra a dívida e invista no negócio”, diz ao Observador.
Em novembro passado, mais de 10 funcionários da Cervejaria Galiza encontraram-se numa “ação de protesto” no interior do restaurante depois de terem sido avisados que estava a ser retirado material e trocada a fechadura da porta. Um mês depois, existam dois investidores interessados em negociações. “Os dois investidores, os únicos conhecidos até agora, continuam em negociações com a gerência, mas esperamos que até ao final do mês encontrem uma solução. Já estamos muito cansados”, afirmou na altura António Ferreira.
A luta dos trabalhadores da Galiza gerou no Porto uma vaga de solidariedade, com visitas de várias personalidades e políticos, incluindo o Presidente da República e presidente da Câmara Municipal do Porto. Fundada a 29 de julho de 1972, a cervejaria detida pela empresa Atividades Hoteleiras da Galiza Portuense é uma das referências do Porto no setor da restauração e está há quatro anos com dívidas ao fisco e à Segurança Social.