Morreu McCoy Tyner, músico e um dos pianistas mais importantes da história do jazz norte-americano. A morte do pianista, que tinha 81 anos, foi anunciada nas próprias contas oficiais do músico nas redes sociais.

Na sua página de Instagram foi publicado esta sexta-feira uma declaração assinada pela família do músico, na qual se lê: “É com os corações pesados que anunciamos a morte da lenda do jazz, Albert ‘McCoy’ Tyner. McCoy era um músico inspirado que dedicou a sua vida à sua arte, à sua família e à sua espiritualidade”. Na declaração, a família do músico manifesta ainda otimismo na longevidade e intemporalidade da obra do pianista: A música e o legado de McCoy Tyner vão continuar a inspirar fãs e o talento futuro das gerações por vir”, lê-se.

O pianista em concerto em 2009, no festival de jazz Berks, no seu estado natal (@ Andrew Lepley / Redferns)

O pianista nascido em 1938 em Filadélfia, no estado da Pensilvânia, começou a estudar piano com treze anos. Nasceu com o nome de batismo Alfred McCoy Tyner, filho de um homem que trabalhava numa fabricante de cremes e que também cantava na igreja e de uma mulher que trabalhava numa loja de produtos de beleza. Aos 17 anos, o músico, que por essa altura começara há um ano a tocar profissionalmente em bandas de rhythm-and-blues, converteu-se ao Islão — e no início dos anos 1960, com pouco mais de 20 anos, juntou-se ao quarteto do lendário saxofonista John Coltrane.

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Nesses anos 1960, McCoy Tyner passou apenas cinco anos como membro integrante da formação de Coltrane, um conterrâneo seu, também nascido em Filadélfia. Ainda assim, foi absolutamente decisivo no som de alguns dos discos mais importantes da carreira de Coltrane, editados nos primeiros cinco anos dessa década (e também alguns postumamente), como por exemplo My Favorite Things (editado em 1961) ou A Love Supreme (editado em janeiro de 1965), além de diversos álbuns clássicos gravados ao vivo.

McCoy Tuner a tocar com John Coltrane no estúdio de uma estação de televisão alemã, em 1961. Com a dupla estão também o baterista Elvin Jones, também ele decisivo no som de Coltrane no início dos anos 1960, e Reggie Workman (@ Michael Ochs Archives/Getty Images)

Depois das aventuras musicais ao lado de John Coltrane, McCoy Tyner lançou-se a solo e gravou álbuns como The Real McCoy (1967), Time For Tyner e Expansions (ambos de 1968). Na década de 1970, o pianista prosseguiu na senda da edição regular de álbuns e de atuações, já não na editora Impulse!, a que esteve contratualmente ligado no início dos anos 1960, nem na Blue Note Records, na qual editou mais álbuns durante a segunda metade dos anos 60, mas na discográfica Milestone. Tyner continuou a gravar discos até aos anos 2000.

Na sua carreira, o pianista participou ainda em álbuns de músicos e compositores como o guitarrista e cantor George Benson, o baterista Art Blakey, o trompetista e vocalista Donald Byrd, o saxofonista Lou Donaldson, o trompetista Freddie Hubbard e os saxofonistas Wayne Shorter, Joe Henderson e Hank Mobley, entre vários outros.

Na notícia a propósito da sua morte, o The New York Times considera-o uma das referências maiores da história do jazz, a par de outros pianistas como “Bill Evans, Herbie Hancock, Chick Corea e apenas alguns outros, poucos”. Em 1961, como lembra o jornal norte-americano, John Coltrane chegou a dizer numa entrevista: “O meu pianista atual, McCoy Tyner, segura as harmonias e isso permita-me esquecê-las. É basicamente ele que me dá asas e me permita descolar do chão de tempos a tempos”.