O Plano de Contingência foi anunciado pela organização a uma semana do arranque de mais uma edição da ModaLisboa. O risco de propagação do novo coronavírus tornou-se ainda mais real com o surgimento dos primeiros casos de infeção em Portugal, levando o evento a reforçar a já prevista equipa de enfermeiros e socorristas no recinto dos desfiles — as Oficinas Gerais de Fardamento e Equipamento do Exército — com a presença de um médico durante o fim de semana.

Luís Raimundo é o médico de serviço e a estrutura de uma semana da moda não lhe é de todo estranha. Há dois anos, cumpriu plantão no mesmo evento. Agora, é o Covid-19 a exigir que haja alguém no recinto para um eventual diagnóstico. “Estamos expectantes. Seguimos as recomendações da Direção Geral de Saúde”, afirmou ao Observador. A equipa, composta por um médico e por um enfermeiro, viu o seu trabalho facilitado pela ação preventiva da própria ModaLisboa, que além de sinalética no recinto, um flyer com informação normalizada e dispensadores de gel desinfetante, muniu os bastidores dos desfiles e as zonas reservadas à produção do evento com medidores de temperatura.

“As pessoas medem a temperatura por iniciativa própria. E a produção também evitou que uma série de pessoas viesse do estrangeiro, de áreas com bastantes casos. Logicamente, isso diminui o risco de termos aqui um caso suspeito ou mesmo positivo”, esclarece o mesmo profissional de saúde.

Luís Raimundo é médico do INEM há 20 anos e está alocado à viatura médica de emergência e reanimação do Hospital de Setúbal © Melissa Vieira/Observador

Luís não tem mãos a medir. Além de médico, é também proprietário de uma empresa que garante assistência de saúde em todo o tipo de eventos. Só os desportivos ficam de fora. De resto, são sobretudo concertos e festivais. Por estes dias, o volume de solicitações é muito superior ao habitual nesta época do ano. Para já, não houve ainda razão para alarme. Não houve qualquer registo no posto de assistência médica da ModaLisboa.

No que toca ao comportamento de equipas e visitantes, o médico faz um balanço positivo, apesar da descontração que impera. “As pessoas ainda brincam com isto, sabem onde é que os outros estiveram, não vejo muito alarmismo. Em todo caso, vê-se pessoas com alguns cuidados — já evitam cumprimentar-se, por exemplo. Isso e uma preocupação grande de lavar as mãos”, conclui.

Embora o Plano de Contingência elaborado pela ModaLisboa tenha prevista a realização do evento à porta fechada, esta medida não foi acionada até agora. Na sexta-feira, Ricardo Mexia visitou o recinto das Oficinas Gerais do Fardamento e Equipamento. O epidemiologista e presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública verificou as condições e medidas tomadas no evento. O último desfile desta edição da ModaLisboa está marcada para as 21h deste domingo.

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