O luso-americano Francisco Semião, que trabalha num dos hospitais em Washington, considerou que a parceria público-privada iniciada nos Estados Unidos da América para a resposta à Covid-19 é a melhor que já viu, mas peca por tardia.

Semião falou à Lusa sobre a resposta dos EUA à pandemia Covid-19 e considerou que a parceria público-privada no setor da saúde, implementada atualmente pela administração do Presidente Donald Trump, juntamente com o estímulo fiscal dado à saúde de 2,2 biliões de dólares, são positivos na luta, mas foram implementadas com atraso.

“Esta pode ser provavelmente a melhor parceria público-privada que já vi, mas infelizmente vem um pouco atrasada”, disse o responsável pela regulamentação e assuntos governamentais de um dos maiores hospitais da capital norte-americana.

Francisco Semião disse que todas as medidas de precaução criadas pelo Governo federal deviam ter sido aceleradas e que a resposta inicial devia ter sido mais abrupta e rígida.

“O mais importante a fazer era conter [a contaminação] e tomar medidas abruptas e imediatas. Depois, ao avaliar, podem levantar-se as restrições, mas sempre em contacto com a comunidade”, considerou, recorrendo ao que aprendeu no mestrado de saúde pública na Universidade George Washington.

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O profissional sublinhou, no entanto, que agora já existem mais informações sobre a epidemia, mas desde o início não era conhecido um “padrão de comportamento” da doença.

Nascido nos EUA, o luso-americano trabalha num dos maiores hospitais privados de Washington, sem fins lucrativos e tem a responsabilidade, nesta altura, de criar um orçamento com a equipa financeira do hospital, para apresentar as novas necessidades do hospital durante a luta com a Covid-19.

Francisco Semião disse que os hospitais da capital, Washington DC, “têm feito um esforço” para estarem preparados para situações de grande necessidade desde os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001.

Da mesma forma, a Iniciativa de Segurança de Áreas Urbanas (USAI), que foi implementada depois dos ataques terroristas de 2001, deu mais meios aos hospitais para aumentar campos de tratamento e abastecer-se de equipamentos necessários para qualquer tipo de ataque terrorista.

“Ao olharmos para outros países, podemos dizer que temos os melhores serviços de saúde do mundo. As pessoas podem não concordar, se se referirem à dificuldade de acesso, mas olhando para a qualidade e ao avanço dos serviços de saúde, temos o melhor do mundo”, concluiu o profissional luso-americano, acrescentando que a taxa de sobrevivência à covid-19 nos EUA situa-se acima dos 90%.

Tivemos outros vírus, mas este é mais severo, por causa do fator desconhecido e porque não estávamos preparados com infraestruturas, enquanto o vírus estava a ser transmitido de pessoa para pessoa”, disse, lembrando epidemias que afetaram os EUA, como VIH/Sida ou gripe suína.

“Temos muito mais casos do que qualquer outro país neste momento, mas ao mesmo tempo, não nos podemos fiar nos números que vêm da China, porque sabemos que é um país muito comunista”, considerou também, numa altura em que os EUA registam mais de 300 mil infetados com o novo coronavírus e mais de 8.100 mortos, segundo a Universidade Johns Hopkins.