O ex-Presidente da República Jorge Sampaio e o ex-primeiro-ministro e antigo presidente da Comissão Europeia Durão Barroso são co-signatários de uma carta dirigida às nações do G20, às quais exigem uma “atuação imediata e coordenada a nível internacional nos próximos dias para fazer frente às graves crises de saúde e económica mundiais causadas pela Covid-19”.

A carta que conta com três mandatários — o ex-primeiro-ministro britânico Gordon Brown, o diretor do Instituto de Assuntos Globais da London School of Economics, Erik Berglöf; e o diretor do Wellcome Trust, Jeremy Farrar — e com a assinatura de vários mandatários ilustres, como o ex-Secretário-Geral da ONU Ban Ki-moon, tal como de antigos líderes políticos como o ex-Presidente de Governo de Espanha José Luis Rodríguez Zapatero ou o ex-Presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, que foi também vencedor do Prémio Nobel da Paz em 2016.

Naquela carta, publicada pelo Project Syndicate e distribuída por vários jornais do mundo, aqueles personalidades exigem medidas que atendam tanto à crise de saúde como à crise económica causada pela pandemia. “Para ambas as coisas, é necessário que os líderes mundiais se comprometam a financiar quantidades muito superiores à capacidade atual das nossas instituições internacionais”, avisam os mandatários daquela carta.

É ainda deixado um aviso àqueles que são os 20 países mais poderosos do mundo que, se não ajudarem os países mais pobres, a crise irá ser devastadora tanto para ricos como para os mais desfavorecidos:

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“Se não atuarmos à medida que a doença avança pelas cidades e pelos bairros mais pobres de África, da Ásia e da América Latina, com poucas equipas de teste, poucos ventiladores e escasso material médico, e nos quais é muito difícil implementar o distanciamento social e até a higiene das mãos, o coronavírus persistirá nessas zonas e reaparecerá para atacar o resto do mundo em novas ondas que prolongarão a crise”.

Dessa forma, explicam que os “líderes mundiais têm de comprometer-se imediatamente” a destacar 8 mil milhões de dólares (7,34 mil milhões de euros) para colmatar “as lacunas mais urgentes na resposta à Covid-19. Neste valor, incluem-se mil milhões de dólares (920 milhões de euros) para a Organização Mundial de Saúde; 3 mil milhões de dólares (2,75 mil milhões de euros) para vacinas; e 2,25 mil milhões de dólares (2,06 mil milhões de euros) para tratamento para a Covid-19.

Por cima deste valor, os mandatários desta carta aos países do G20 sublinham ainda a necessidade de outros 35 mil milhões de dólares (35,2 mil milhões de euros) para “ajudar os países com sistemas de saúde mais débeis e populações especialmente vulneráveis”. Esse dinheiro serviria, entre outras coisas, para comprar material médico, dar apoio aos profissionais do setor da saúde e “reforçar a resistência e preparação de cada país”.

Os mandatários da carta insistem que está na altura de os países do G20 agirem em conjunto e não em competição. “Em vez de cada país — ou cada estado ou província dentro deles — competir por uma parte das reservas existentes, com o risco de um rápido aumento de preços, devemos aumentar a oferta, o que exigirá que se ajude a OMS a coordenar a produção e a aquisição de bens médicos, testes equipamentos de proteção individual e tecnologia de comunicações com o o fim de dar cobertura à necessidade mundial”, lê-se na carta.

Além do campo da saúde, também no campo económico esta ação quer-se concertada, explicam os mandatários desta carta aberta. “O nosso propósito deve ser o de impedir que uma crise de liquidez se converta numa crise de solvência e que uma recessão mundial se converta numa depressão mundial”, explicam. “Como tal, é necessário coordenar melhor uma série de iniciativas fiscais, monetárias, vindas dos bancos centrais e que sejam antiprotecionistas. Os ambiciosos estímulos fiscais de alguns países serão mais eficazes se forem acompanhados por todos os países que estão em situação de implantá-los.”