O Departamento do Tesouro dos EUA, a pedido do líder do país, ordenou que “Presidente Donald J. Trump” aparecesse impresso nos cheques de estímulo económico, na zona do documento que identifica o emissor. A decisão está a gerar polémica e deverá atrasar o reforço de liquidez atribuído pelo Internal Revenue Service (IRS) a dezenas de milhões de americanos diz o Washington Post.

Esta é uma decisão sem precedentes, oficializada nesta segunda-feira, que na prática significa que quando os destinatários abrirem os cheques em papel no valor de 1.200 dólares (o IRS deve começar a enviá-los a 70 milhões de americanos nos próximos dias), “Presidente Donald J. Trump” aparecerá no lado esquerdo do documento, na zona que identifica a pessoa ou instituição que oficializa o pagamento.

Apesar de para muitos contribuintes esta medida — parte essencial do pacote de estímulo da economia dos EUA no combate aos efeitos económicos do novo coronavírus — ser irrelevante, há muitos que a vêm como um esforço eleitoralista por parte de Trump, que este ano deverá lutar pela re-eleição como Presidente. Fontes que pediram anonimato ao jornal norte-americano dizem que terá sido o próprio Donald Trump a pedir esta medida a Steven Mnuchin, o responsável pelo Departamento do Tesouro e supervisor do IRS.

Esta decisão contudo, levanta uma série de problemas éticos (e até legais) já que documentos deste género costumam sempre ser assinados por funcionários estatais, de forma a garantir que os pagamentos não são utilizados como arma partidária.

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A equipa do IRS responsável por implementar esta medida diz estar agora a correr contra o tempo para alterar a programação informática necessária para garantir que o nome de Trump apareça nos cheques. Os mesmos garantem que isto seguramente atrasará o processo de entrega porque está a ser preciso alterar uma série de elementos de programação digital e depois testar os mesmos, para garantir que tudo fica a funcionar corretamente.

Contudo, um representante do Departamento do Tesouro garantiu ao mesmo jornal que não há qualquer atraso em cima da mesa e que os primeiros pagamentos deverão ser emitidos no início da próxima semana.

Esta injeção de capital está pensada para ser distribuída à razão de cinco milhões de dólares por semana, cadência que durará até setembro e dará prioridade às famílias com baixos rendimentos.

O pacote de estímulo no valor de 2 biliões de dólares é a maior e mais recente medida de resgate do impacto económico causado pelo coronavírus. Foi aprovado por republicanos e democratas e são uma ideia original dos senadores Josh Hawley e Mitt Romney de que Trump se apropriou, chamando-lhe várias vezes “uma iniciativa da administração Trump”.