Os acionistas da EDP aprovaram a distribuição de dividendos no valor de 695 milhões de euros — 19 cêntimos por ação — , de acordo com a proposta feita pela administração da elétrica antes de se conhecer a dimensão da paragem económica forçada pelo combate ao Covid-19.

A proposta foi aprovada por mais de 99% dos acionistas numa assembleia geral realizada à distância, sublinhou o presidente executivo António Mexia numa conferência de imprensa também realizada por via digital. O cumprimento do plano estratégico, a elevada liquidez e o compromisso com os mais de 100 mil acionistas, foram algumas das explicações avançadas pelo gestor para justificar a aprovação da proposta inicial de dividendos.

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António Mexia sublinhou ainda que o valor a distribuir tem por base a atividade internacional da empresa. Se fosse pela operação em Portugal, a proposta seria “zero”. E que a manutenção da proposta de dividendos, bem como da remuneração variável a pagar aos gestores, teve em linha de conta as recomendações feitas pela Comissão de Mercado de Valores Mobiliários de necessidade de acautelar o alinhamento com os interesses de longo prazo de todos os “stake holders”, entre acionistas e colaboradores.

Sobre os prémios de gestão, que segundo a proposta que foi aprovada por mais de 90% dos votos, António Mexia realçou também que são atribuídos em função plurianais até 2022.

Sobre o tema “controverso” dos dividendos, o presidente do conselho geral e de supervisão, Luís Amado, defendeu ainda que não faria sentido que uma empresa que estivesse bem “não contribuísse de maneira normal quando muitas não o podem fazer”. Uma retração teria o efeito de “agravar a situação”. Que uma empresa cotada em bolsa e que tivesse balanço e uma situação robusta face às circunstâncias para manter os dividendos não os pagasse, “isso seria incompreensível do nosso ponto de vista”, rematou ainda Luís Amado.

Os dividendos, sublinha ainda, são relativos aos lucros do ano de 2019, em 2020, logo se verá, os acionistas “são soberanos”. Besta assembleia-geral tiveram representados cerca de 67% do capital. O maior acionista da EDP é a China Three Gorges com 21,35% do capital.

A EDP anunciou também que irá manter o plano de investimentos, incluindo para Portugal, bem como os programas de contratações previstos. E sublinhou aceleração dos pagamentos feitos aos fornecedores e a preocupação em manter a “cadeia de valor”.

Sobre o impacto da crise do Covid-19, António Mexia diz que ainda é cedo e que vai depender muito do tempo que demorar. As vendas de eletricidade já estão a cair, mas sobretudo no Brasil, segundo indicadores ainda do primeiro trimestre. O presidente executivo assinalou ainda que a EDP fez o trabalho de casa e teve uma gestão prudente que lhe permite ter liquidez de sete mil milhões de euros e cobertura de risco (hedging) para grande parte da produção, ao contrário de outros setores “mais expostos”.

Sobre o efeito a mais médio prazo, António Mexia confia que a EDP, com um plano estratégico focado no reforço da oferta de energias renováveis, está bem alinhada com a transição energética e o Green Deal, que será central na estratégia de recuperação da economia europeia.