Apesar das críticas que se vão fazendo ouvir, cada vez mais alto, à atuação da China na contenção da pandemia, é raro ver líderes chineses a admitirem, publicamente, qualquer irregularidade na forma como a infeção da Covid-19 se espalhou pelo mundo inteiro. Este sábado, contudo, coube ao diretor da Comissão Nacional de Saúde da China, Li Bin, reconhecer que a pandemia é um “grande teste” para a liderança da China, ao “expor as fraquezas do serviço nacional de saúde” do país, segundo a BBC News.

Li Bin garantiu ainda à comunicação social que o país vai, agora, “investir mais na prevenção de doenças infectocontagiosas, na robustez do sistema de saúde público”, assim como na recolha de dados, fundamentais à investigação científica. O diretor da Comissão Nacional de Saúde explicou, também, que os problemas que foram identificados na pandemia da Covid-19 vão ser resolvidos através da “centralização de sistemas de informação” e com recurso à inteligência artificial.

A posição de Li Bin ocorre após duras críticas dos Estados Unidos à forma como a China terá respondido lentamente aos primeiros sinais do vírus em Wuhan, onde o surto começou, não tendo alertado a comunidade internacional com celeridade. A China sempre rejeitou estas acusações, mas não cede aos pedidos internacionais para que autorize uma investigação independente às origens do vírus.

Esta semana, coube ao Embaixador chinês nas Nações Unidas, Chen Xu, admitir que o “contexto diplomático” não permite que a Organização Mundial de Saúde envie especialistas à China para participar na investigação sobre a origem do novo coronavírus. “Em princípio, não somos alérgicos a nenhuma forma de investigação ou avaliação”, que nos permita “preparar futuras emergências de saúde”, mas “não temos tempo a perder para salvar vidas”, sublinhou o diplomata em videoconferência.

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China recusa investigação internacional sobre origem do vírus

Apesar da censura aos meios de comunicação social, sabe-se, também, que a China enfrentou críticas internamente. Várias autoridades locais do Partido Comunista foram demitidas, no âmbito da Covid-19, mas nenhum membro sénior do governo chinês foi punido. Além disso, em dezembro, ainda no início da pandemia, o médico que tentou alertar as autoridades sobre o vírus foi instruído a parar de “fazer comentários falsos”. Mais tarde, Li Wenliang morreu de Covid-19 no hospital de Wuhan.

A China contabiliza 4.637 mortes, de acordo com a contagem da Universidade John Hopkins, e quase 84.000 casos.