As autoridades argelinas “bloquearam” o site de informação Le Matin d’Argérie, indicou esta terça-feira a direção do jornal, que denuncia um ataque à liberdade de imprensa no país, onde vários media digitais anunciaram ter sido bloqueados nas últimas semanas.

“A mão dos censores não treme (…) lematindalgerie.com é alvo de um bloqueio”, acusa a direção do jornal num comunicado, dizendo recusar “a impostura, os elogios dos poderosos do momento e a conivência interesseira”.

Para o jornal, este bloqueio “é o marcador daqueles para quem a liberdade de imprensa é uma simples formalidade”, daqueles que “apenas concebem a liberdade de imprensa na escravidão e renúncia à impertinência”.

Segundo a agência France Presse, ainda não foi possível obter um comentário ao comunicado do Ministério da Comunicação argelino.

Vários media digitais deram conta de bloqueios na Argélia nas últimas semanas, como o Maghreb Emergent, a Radio M, o Interlignes e o DZVid.

Desde o início da epidemia da Covid-19 em março e da paragem forçada das manifestações do “Hirak”, o movimento popular anti-regime, cidadãos e organizações de defesa dos direitos humanos têm denunciado uma repressão contra os opositores políticos, jornalistas e media privados, mas também contra jovens internautas que exprimem as suas opiniões na rede social Facebook.

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Vários jornalistas argelinos estão atualmente detidos, entre os quais Khaled Drareni, fundador do jornal digital Casbah Tribune e correspondente da organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF), Sofiane Merakchi, correspondente da emissora Al Mayadeen sediada no Líbano, e Belkacem Djir, da televisão privada Echourouk News.

Outros jornalistas são alvo de processos judiciais, nomeadamente relacionados com o Hirak.

A Argélia ocupa o 146.º lugar (em 180) na classificação mundial da liberdade de imprensa relativa a 2020 da RSF.