O primeiro-ministro vai chamar os partidos para decidir sobre o sucessor de Carlos Costa como governador do Banco de Portugal já no final deste mês, confirmou o Observador junto do Governo. O nome mais provável para a sucessão é mesmo o de Mário Centeno, que sai no dia 15 de junho do cargo de ministro das Finanças. Carlos Costa termina o mandato a 7 de julho.

O calendário está alinhado para a etapa que se segue. O primeiro-ministro tem de escolher no próximo mês o novo governador do Banco de Portugal e o nome em cima da mesa é o do homem que sai agora da pasta das Finanças. O aval dos partidos não é necessário, já que o governador é nomeado por resolução do Conselho de Ministros, sob proposta do Ministro das Finanças e após audição por parte da comissão competente da Assembleia da República. Ainda assim, António Costa prometeu ouvir os partidos antes de ser feita esta escolha que será já proposta pelo novo ministro das Finanças, João Leão.

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Caso seja Centeno o escolhido — ao que o Observador apurou, é esse o cenário que está a ser trabalhado pelo Governo — é muito curto o espaço de tempo entre a saída das Finanças e a gestão do banco central do país, um facto que tem sido apontado como um problema pelos partidos, nomeadamente o CDS que argumenta mesmo com a existência de um impedimento na passagem tão rápida de um cargo para o outro. Mas os democratas-cristãos não são os únicos a levantar problemas.

Na conferência de imprensa do Conselho de Ministros, António Costa disse compreender que “Mário Centeno queira abrir um novo ciclo na sua vida”, mas não disse mais. Questionado sobre se Centeno será o governador disse apenas que “na altura própria” tomará decisões sobre essa matéria, depois de falar com o novo ministro das Finanças.

Mário Centeno sai do Governo do dia 15 de junho e o mandato do atual governador termina a 7 de julho. São 22 dias de diferença entre dois cargos relevantes. A audição parlamentar necessária à tomada de posse do governador que se segue pode, no entanto, alargar este prazo. O Parlamento encerra trabalhos em julho e só retoma em setembro, pelo que Carlos Costa poderá ter de manter-se mais uns meses em funções.

A saída de Mário Centeno acontece numa altura delicada, com o país a passar por um crise devido à pandemia do novo coronavírus. Esta saída já era prevista e mesmo este cenário não alterou o plano que estava alinhado para acontecer nesta altura, precisamente o momento em que vaga o lugar de governador do Banco de Portugal.