Há cerca de duas semanas, quando o Rio Ave venceu o Sp. Braga em Vila do Conde, Carlos Carvalhal não escondeu que um dos grandes objetivos da temporada dos vilacondenses era bater o recorde de pontos do clube numa temporada na Liga. “Trabalhámos para atingir patamares elevados. Quebrámos barreiras do recorde do Félix Mourinho, virámos com 25, o melhor do Rio Ave eram 28, fizemos hoje 47, o melhor do Rio Ave são 51 e estamos nessa senda. Estamos a jogar de jogo para jogo, a tentar concentrar e vamos ver até onde conseguimos chegar, percebendo que estamos a um pequeno passo de chegar a fazer história”, atirou o treinador. Esta semana, porém, à beira de fazer a tal história, Carvalhal não quis falar sobre o assunto.
“O foco está apenas neste jogo com o Marítimo, porque é o próximo e vale a pontos. Sabemos que vai ser difícil, pois vamos encontrar um treinador adversário [José Gomes] que já orientou o Rio Ave”, disse o técnico na antevisão da visita aos madeirenses. Uma visita que, em caso de vitória, podia então culminar no tal recorde absoluto de pontos do Rio Ave numa única temporada: com os três pontos, os vilacondenses somavam 53, ultrapassando os 51 conquistados há dois anos, em 2017/18, quando era Miguel Cardoso o treinador do clube.
CSM-RA, faltam 0’
Único hat-trick nos jogos entre eles nos Barreiros (só 1.ª divisão)
1983❤️????Toninho Metralha 3:0 pic.twitter.com/AWLFJrAQFT— Rui Miguel Tovar (@ruimtovar) July 13, 2020
Mas a visita ao Marítimo valia mais do que isso. Em cenário de um resultado positivo, o Rio Ave solidificava o quinto lugar e cavava uns provisórios quatro pontos de vantagem para o Famalicão, aproveitando o empate da equipa de João Pedro Sousa na semana passada contra o Benfica. Além disso, aproximava-se à condição do Sp. Braga, que até ao final do Campeonato ainda tem de jogar com o FC Porto. O desafio, porém, era complicado: o Marítimo é uma das melhores equipas da retoma e nos sete jogos desde o recomeço da competição conquistou os mesmos 13 pontos que nas 12 jornadas anteriores. Com a manutenção já garantida, a equipa de José Gomes apresentava-se esta segunda-feira sem qualquer tipo de pressão e com o objetivo simples de prolongar a série de três vitórias consecutivas.
Numa primeira parte com poucas oportunidades de golo mas com várias aproximações perigosas às duas balizas, a principal ocasião acabou por pertencer ao Rio Ave. Lucas Piazon, com um remate muito forte de fora de área, obrigou Amir a uma grande defesa (7′) e ficou perto de abrir o marcador na Madeira. Com o nulo ao intervalo, que acabava por ser o resultado mais justo tendo em conta o equilíbrio disputado entre as duas equipas durante a primeira parte, a outra nota de rodapé dos 45 minutos iniciais ia para a substituição forçada que José Gomes teve de fazer, ainda numa fase muito embrionária da partida, graças à lesão de Correa.
Na segunda parte, Carlos Carvalhal tirou Gelson Dala para lançar Carlos Mané e acabou por ser Filipe Augusto a protagonizar a primeira ocasião de perigo depois do intervalo, com um remate rasteiro na diagonal que voltou a forçar Amir a uma intervenção esforçada (49′). O adiantar do relógio, ainda assim, trouxe um Marítimo mais solto e mais adiantado no terreno, sempre com muita gente no meio-campo adversário e a apostar principalmente na velocidade de Milson, que atravessa uma tarde inspirada. A partir dos 20 minutos finais, o guarda-redes Kieszek respondeu às defesas do homólogo do outro lado e segurou o nulo no marcador em vários lances, onde Rodrigo Pinho foi o principal inconformado.
Nenhuma das equipas conseguiu chegar ao golo da vitória e Marítimo e Rio Ave dividiram um ponto para cada um, com os vilacondenses a adiarem o momento histórico em que chegam à melhor pontuação da história do clube na Primeira Liga — muito graças às defesas do guarda-redes Amir. Do outro lado, e depois de três vitórias seguidas, os madeirenses somaram o quarto jogo consecutivo sem perder e continuam tranquilos na classificação, perto de Boavista, Santa Clara e Gil Vicente.