O total de animais mortos no incêndio de sábado em Santo Tirso, distrito do Porto, subiu de 54 para 73, após terem sido encontrados cadáveres de mais 17 cães e dois gatos, revelou esta terça-feira a autarquia.

Fonte da autarquia disse à Lusa que, a este acréscimo de 19 animais mortos há ainda a registar o resgate de vários animais perdidos, três dos quais pela brigada municipal que na segunda-feira esteve, com essa missão, a percorrer a envolvente aos abrigos ilegais que acolhiam cães e gatos naquele concelho.

“As equipas continuaram no terreno e, durante as operações de resgate de animais perdidos, constatou-se que o incêndio vitimou um total de 69 cães e quatro gatos”, referiu a mesma fonte do município que no domingo tinha registado a morte de 54 animais (52 cães e dois gatos).

A mesma fonte não soube atualizar o número total de animais resgatados a somar aos 190 recolhidos pela autarquia no domingo, uma vez que três foram acolhidos pela autarquia, mas outros foram recuperados por populares.

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No canil municipal de Santo Tirso estão, esta terça-feira, três animais, depois de ali terem sido acolhidos 16, revelou a fonte da autarquia.

Entre esses 16, seis foram transferidos para Valongo, quatro para Vila do Conde e três para uma associação, disse.

Três outros animais estão “em clínicas do concelho”, acrescentou.

Numa visita feita esta manhã ao canil municipal, o presidente da autarquia, Alberto Costa, alertou que os juristas municipais sustentam que a Câmara “não é responsável” pelos abrigos ilegais.

“A responsabilidade de licenciamento e encerramento destes espaços é da DGAV [Direção-Geral de Alimentação e Veterinária]. O Ministério Público e outros inquéritos e investigações vão encontrar relatórios do veterinário municipal [suspenso na segunda-feira], representante da DGAV, enviados a nível superior sobre o que se estava a passar”, afirmou.

Alberto Costa, suspendeu na segunda-feira o veterinário municipal a quem atribuiu, juntamente com a DGAV, a responsabilidade pela morte de animais acolhidos em abrigos ilegais, na sequência de um incêndio.

Santo Tirso suspende veterinário municipal após morte de 54 animais no incêndio

Adiantando ter chamado a si “todo o processo relacionado com o abrigo dos animais”, o presidente da câmara mostrou-se disponível para colaborar com o Ministério Público nas averiguações e alertou “não caber à autarquia fechar canis”.

“Isso é competência da DGAV. As câmaras municipais só podem agir quando notificadas pela DGAV, o que não aconteceu”, sublinhou.

O ministério da Agricultura, que tutela a DGAV, revelou na segunda-feira que os abrigos já tinham sido alvo de “contraordenações e vistorias” de “várias entidades fiscalizadoras”.

De acordo com o ministério, os dois abrigos “não têm qualquer registo na DGAV”.

Questionado sobre o facto de o mato ao redor do abrigo não ter sido limpo, o presidente do município do distrito do Porto imputou a responsabilidade aos proprietários do abrigo, acrescentando que a autarquia “nunca deu parecer positivo para o seu licenciamento”.

O ministro da Administração Interna determinou na segunda-feira a abertura de um inquérito à atuação da GNR e da Proteção Civil no incêndio.

A Procuradoria-Geral da República anunciou a abertura de um inquérito do Ministério Público ao caso.

Segundo a GNR, a morte dos animais no incêndio não se deveu ao facto de ter impedido o acesso de populares ao local, mas à dimensão do fogo e à quantidade de animais.

A morte de cães e dois gatos carbonizados motivou reações dos partidos políticos, com PAN, BE e PCP a exigirem explicações do Governo.