A partir desta sexta-feira, fumar nas ruas e nas esplanadas das ilhas Canárias onde não esteja assegurado o distanciamento social passa a ser proibido. Segundo o “El País”, o governo regional aprovou, esta quinta-feira, uma série de medidas destinadas a combater a Covid-19, depois de detetar 28 surtos com origem em ambiente familiar e de lazer. Assim, além do uso obrigatório de máscara e da proibição de fumar, os encontros familiares ficam limitados a um máximo de dez pessoas e os locais de diversão noturna passam a poder abrir apenas os espaços exteriores.

A proibição de fumar nas ruas e esplanadas vai ao encontro ao documento elaborado em julho pela Comissão de Saúde Pública do Sistema Nacional de Saúde, que alertava que fumar aumenta o risco de contágio por Covid-19: ao expelir o fumo, o fumador liberta pequenas gotículas que podem contagiar quem estiver próximo.

“A nossa recomendação é que em espaços públicos, como bares, esplanadas ou zonas de reunião de pessoas ao ar livre, não se fume. O ato de fumar projeta partículas respiratórias que podem atingir outras pessoas”, afirmou, na altura, Pilar Aparicio, diretora-geral da Saúde.

Esta quarta-feira, o presidente do governo regional da Galiza, Alberto Nuñez Feijóo, anunciou a nova regra recomendada pelo comité médico de especialistas de prevenção da Covid-19, que considera que o fumo do tabaco representa um alto risco para a disseminação do novo coronavírus, e foi a primeira comunidade autónoma a decretar uma medida do género.

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“Vários membros do comité clínico concordaram que fumar sem qualquer limitação, seja numa esplanada, com pessoas próximas, ou em áreas com grande afluência de cidadãos, sem qualquer distância física de segurança, representa um alto risco de contaminação”, afirmou Feijóo.

As novas medidas surgem num momento em que Espanha vê disparar o número de novos infetados, quase 3.000 em 24 horas e metade dos quais não apresenta sintomas.

Citado pelo “El País”, Alberto Fernández Villar, chefe do Serviço de Pneumologia do hospital de Vigo e membro da comissão clínica que assessorou Feijóo, sublinha que não se trata de proibição de fumar na rua, mas sim que o fumador “seja severo ao fazê-lo, para que possam garantir que mantém a distância mínima de segurança quando fuma em público . O especialista apresenta várias razões para colocar esta restrição em prática. A primeira é a saúde pública: “Sabe-se que fumadores com Covid-19 têm uma carga viral mais alta e são potencialmente transmissores mais elevados”.

“Há evidências muito claras de que a agressividade da doença em fumadores é muito maior, pode multiplicar por cinco a oito vezes o risco de pneumonia grave”, acrescenta Fernández Villar, explicando que um fumador leva a mão à boca muito mais vezes que um não fumador, “entre 200 a 300 vezes ao dia”.

As comunidades autónomas de Castela-Mancha, Andaluzia, Castela e Leão, Astúrias, Cantábria, Navarra, Aragão, País Basco, Comunidade Valenciana e de Madrid já confirmaram que estão a analisar a adoção da medida. Citado pelo jornal “El País”, o responsável da pasta da Saúde de Madrid, Enrique Ruiz, afirmou que adotará a proibição, “sem qualquer sombra de dúvida”, se tiver poder para fazê-lo.