O PCP vai requerer a audição parlamentar do presidente da Administração Regional de Saúde do Alentejo sobre o surto de Covid-19 no lar de Reguengos de Monsaraz com 18 mortos e o atraso do novo hospital de Évora.

“Vamos apresentar um requerimento à Comissão de Saúde para que o presidente da Administração Regional de Saúde do Alentejo preste esclarecimentos”, revelou esta sexta-feira à agência Lusa o líder parlamentar do PCP e deputado eleito por Évora, João Oliveira.

O parlamentar comunista, que falava no final de uma reunião com o conselho de administração do Hospital do Espírito Santo de Évora (HESE), indicou que o requerimento dará entrada no parlamento “nos próximos dias”, apesar de só ter “efeitos práticos a partir de setembro”.

Segundo João Oliveira, o grupo parlamentar do PCP pretende ouvir o presidente da Administração Regional de Saúde (ARS), José Robalo, sobre o novo hospital central previsto para Évora, a reabertura das extensões de saúde nas zonas rurais e a resposta à pandemia de Covid-19 na região.

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Em relação à pandemia, o líder parlamentar do PCP notou que os comunistas querem abordar, “particularmente, a dimensão que coloca mais preocupações e que tem a ver com os lares, sobretudo, depois do exemplo em Reguengos de Monsaraz”.

Considerando a situação que se verificou em Reguengos de Monsaraz, o facto de a população do distrito ser envelhecida e de haver uma parte a viver em lares, coloca-se uma preocupação acrescida relativamente à capacidade de resposta e às condições que existem em cada instituição”, assinalou.

“Tem de haver uma articulação entre a Segurança Social, as instituições e os serviços de saúde para que aquilo que aconteceu em Reguengos de Monsaraz não se repita, independentemente das responsabilidades que possam ser apuradas relativamente à situação”, acrescentou.

No total, o surto de Reguengos de Monsaraz, que já foi considerado como resolvido pela Autoridade de Saúde, provocou 162 casos de infeção, a maior parte no lar (80 utentes e 26 profissionais), mas também 56 pessoas da comunidade, tendo morrido 18 doentes (16 utentes e uma funcionária do lar e um homem da comunidade).

Na semana passada, foram conhecidas as conclusões de uma auditoria feita pela Ordem dos Médicos (OM).

No relatório, ao qual a agência Lusa teve acesso, a comissão da OM que realizou a auditoria disse que o lar da Fundação Maria Inácia Vogado Perdigão Silva (FMIVPS) não cumpria as orientações da Direção-Geral da Saúde (DGS) e apontou responsabilidades à administração, à Autoridade de Saúde Pública e à ARS.

A Procuradoria-Geral da República adiantou à Lusa, na semana passada, que foi instaurado um inquérito sobre o surto de Covid-19 neste lar e que está a analisar o relatório da OM.

Ministério Público abre inquérito sobre surto em lar de Reguengos de Monsaraz

Sobre os atrasos na adjudicação das obras de construção do novo Hospital Central do Alentejo, João Oliveira considerou “incompreensível a demora” e defendeu que essa fase do processo já “podia estar feita desde março”.

“Começa a haver agora um outro problema. É que depois da adjudicação da obra tem que haver ainda uma verificação por parte do Tribunal de Contas e tem que ser feito o contrato com a empresa para que se possa iniciar a obra”, referiu. Segundo o parlamentar comunista, “a proposta que a empresa apresentou ao concurso tem validade apenas até final deste ano”, pelo que “se a ARS não fizer rapidamente a adjudicação da obra ainda se corre o risco de todo o concurso ir por água abaixo”.

Em abril deste ano, o presidente da ARS do Alentejo, José Robalo, revelou à agência Lusa que o concurso público da empreitada do novo hospital foi vencido pelo grupo espanhol Aciona, não tendo, desde então, o responsável revelado outros passos sobre o projeto. A construção do novo hospital envolve um montante total superior a 180 milhões de euros, uma vez que, aos 150 milhões de investimento previsto, incluindo 40 milhões de fundos europeus, acresce 23% do Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA).

Os comunistas exigem ainda a reabertura das extensões de saúde nas freguesias rurais, que fecharam na sequência da pandemia.