O governador do estado brasileiro de São Paulo, João Doria, disse que o Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, deu “outro mau exemplo” ao defender que uma eventual vacinação contra a Covid-19 não será obrigatória no país.

Em entrevista à Efe por videoconferência, Doria disse que espera poder vacinar 46 milhões de pessoas que vivem em São Paulo, estado mais afetado pela pandemia no Brasil, a partir de janeiro de 2021.

A estimativa refere o período em que se espera que a vacina CoronaVac – desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac numa parceria que inclui o Instituto Butantan, órgão de pesquisa ligado ao governo “paulista”-, já deverá estar disponível se a sua eficácia for comprovada.

A distribuição será gratuita e já temos 60 milhões de doses, mas gostaríamos de chegar a 100 milhões para serem utilizadas por brasileiros de outras regiões. Estamos conversando com o Governo para financiar”, disse o governador de São Paulo.

Doria, político de centro-direita, de 62 anos, recuperou da Covid-19 recentemente e é considerado um dos possíveis rivais de Bolsonaro nas eleições presidenciais de 2022.

“Fiquei dez dias isolado em casa e fiz o último exame no nono dia e o médico me liberou. Ele disse que a minha capacidade de recuperação foi excecional, mas isso serve de alerta para todos, porque eu cuido-me muito, uso máscara, sigo todas as recomendações e, mesmo assim, fui infetado“, contou o governador, que faz uma oposição ao chefe de Estado brasileiro especialmente firme durante a pandemia.

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Embora as mortes mensais tenham caído 14% em agosto em relação ao mês de julho no Brasil, a região de São Paulo, considerada o motor económico do país, continua a ser duramente atingida pelo novo coronavírus.

“É verdade que já tivemos uma fase mais aguda no Brasil e em São Paulo, nos meses de abril e maio, que foram os mais difíceis. Mesmo assim, alerto que não temos motivos para comemorar”, afirmou Doria ao ser questionado sobre o tema.

O governador criticou as atitudes de Bolsonaro na crise sanitária afirmando que “teria sido melhor se tivéssemos um líder no país que não fosse negacionista e orientasse a população a obedecer ao isolamento social, para não dar um mau exemplo de ir a lugares públicos sem máscara, ou estimular multidões, alguém que não estimulava cloroquina como droga salva-vidas contra a pandemia, porque ela não é”.

O estado de São Paulo acumula 30.673 óbitos, cerca de 25% do total de mortes registadas no Brasil, país lusófono mais afetado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo, ao contabilizar o segundo número de infetados e de mortos (quase quatro milhões de casos e 123.780 óbitos), depois dos Estados Unidos.