O presidente da Assembleia da República manifestou esta terça-feira “profunda tristeza” pela morte do jornalista, cineasta e antigo deputado Vicente Jorge Silva, salientando a sua admiração pelas capacidades intelectuais e vasta cultura do primeiro diretor do jornal Público.

“Recebi com profunda tristeza a notícia do falecimento, aos 74 anos, de Vicente Jorge Silva”, escreveu Ferro Rodrigues numa nota enviada à agência Lusa.

Vicente Jorge Silva teve uma curta passagem pela política partidária durante a liderança de Ferro Rodrigues no PS, entre 2002 e 2004. Neste período esteve filiado no PS, mas depois considerou “um equívoco” a sua experiência partidária.

“Se o cinema foi a primeira paixão de Vicente Jorge Silva, foi no jornalismo que se destacou antes e após o 25 de Abril, tendo desempenhando um importante papel na renovação da imprensa portuguesa. O seu projeto mais pessoal foi, sem dúvida, o jornal Público, de que foi cofundador e primeiro diretor, e ao qual ficará para sempre associado”, salienta o presidente da Assembleia da República.

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Ferro Rodrigues refere depois que Vicente Jorge Silva, “após deixar o Público, dedicou-se ao cinema, sem, contudo, abandonar o jornalismo, tendo sido colunista no Diário Económico, no Diário de Notícias e no Sol, regressando, anos mais tarde, ao ?seu’ Público”.

“Na sua breve incursão pela atividade político-partidária, Vicente Jorge Silva filiou-se no PS, tendo sido deputado à Assembleia da República, eleito pelo círculo de Lisboa (IX Legislatura), ocasião em que tive oportunidade de com ele trabalhar e de consolidar a minha admiração e respeito pelas suas capacidades intelectuais e vasta cultura. No momento do seu desaparecimento, endereço à sua família e amigos, em meu nome e em nome da Assembleia da República, as mais sentidas condolências”, escreve Ferro Rodrigues, que liderou os socialistas entre 2002 e 2004.

Vicente Jorge Silva nasceu no Funchal no dia 08 de novembro de 1945, numa família de fotógrafos. Era um apaixonado por cinema e foi também realizador, mas dedicou-se sobretudo ao jornalismo, com uma curta incursão na política, como deputado eleito pelo PS, uma experiência de que não gostou.

Destacou-se como criador e diretor de projetos inovadores e marcantes no jornalismo: o jornal Comércio do Funchal, antes do 25 de Abril de 1974, a Revista do Expresso e o jornal diário Público.

No cinema, foi autor de “O Limite e as Horas” (1961), “O Discurso do Poder” (1976), “Vicente Fotógrafo” (1978), “Bicicleta – Ou o Tempo Que a Terra Esqueceu” (1979) e “A Ilha de Colombo (1997)”. Porto Santo (1997), exibido no Festival Internacional de Genebra.