Luís Marques Mendes arrancou mais um comentário político na SIC a falar das duas remodelações desta semana, a primeira relativa à comissão de honra de Luís Filipe Vieira e a segunda tendo em conta a mudança de cinco secretários de Estado no Governo. Em ambos os casos, assinalou os “erros” do primeiro-ministro, cujo fim do ciclo político, diz, está à vista: “Estes são os primeiros sinais do princípio do fim do ciclo de António Costa”.

Referindo-se à reformulação do Governo, que já “estava mais ou menos anunciada”, Marques Mendes falou insistentemente em “maus sinais”.

São cinco secretários de Estado que são substituídos por cinco outras pessoas que são ex-assessores ou ex-chefes de gabinetes de ministros, portanto, prata da casa, do aparelho. Isto dá sinal de um governo esgotado fechado, cada vez mais virado para dentro, cada vez mais divorciado da sociedade. É um sinal péssimo”, afirmou.

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Outro “mau princípio”, continuou Marques Mendes, diz respeito à saída do secretário de Estado Adjunto e das Comunicações, Alberto Souto Miranda, que vai agora para o novo Banco de Fomento. “Ao mesmo tempo que sai é noticiado que vai para administrador do futuro Banco de Fomento. Isto é um exemplo clientelismo.

Então a pessoa sai do Governo e já está anunciado que vai para administrador de um banco? Não estou a dizer que é um clientelismo exclusivo deste Governo, isso não.” Para o ex-líder do PSD, a situação descrita dá “a ideia de que isto não é um banco independente”, mas sim “uma nova direção geral”.

Luís Filipe Vieira retira António Costa da comissão de honra

Sobre o facto de Luís Filipe Vieira ter retirado António Costa, Fernando Medina e todos os responsáveis políticos da comissão de honra de recandidatura à presidência do Benfica, depois de toda a polémica, Marques Mendes assinalou que, neste momento, o primeiro-ministro estará “aliviado” e também “arrependido”.

“Acho que tão cedo não se vai meter noutra deste género, se é que alguma vez mais vai repetir esta receita. Acho que no seu íntimo António Costa percebe que correu mal e que isto deixa mesmo uma mancha. (…) Ele nunca foi tão criticado como esta semana, à direita, à esquerda e dentro do seu próprio partido.”

Assegurando que o “lugar dos políticos é a assistir aos jogos do seu clube ou a jogarem com os amigos”, Marques Mendes disse estar “muito, muito surpreendido” com os “erros” cometidos por António Costa desde que este voltou de férias, começando até por aludir a “guerra” comprada com os médicos.

“Do meu ponto de vista, há aqui sinais, os primeiros sinais de que estamos no princípio do fim de um ciclo político.” O comentador afirmou que o primeiro-ministro mostra sinais de “cansaço”, “esgotamento” e até “falta de paciência”, “que depois normalmente dão em arrogância, intolerância e sentimento de impunidade.”

Se António Costa não muda, o desgaste e a degradação só tendem a piorar. (…) Se ele não mudar, acho que corre o risco de já não completar o mandato”, continuou.

Considerando que o primeiro-ministro anda “stressado” e “incomodado”, Marques Mendes referiu ainda a candidatura de Ana Gomes à presidência da República, a qual “irrita” Costa, uma vez que “estão lá todos aqueles que são seus adversários internos”.

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Sobre a Operação Lex, que viu três juízes do Supremo Tribunal serem acusados ao mesmo tempo de corrupção, Marques Mendes destacou a “imagem terrível” para a justiça portuguesa, mas também “a coragem” e “independência” da investigação.

Em considerações finais, Marques Mendes comentou a situação pandémica em Portugal citando especialistas vários: “Os especialistas dizem que ou já estamos na segunda vaga, ou estamos muito próximos dela”.