Recorda-se dos primeiros tempos da pandemia, logo depois de ter passado aquela fase em que a diretora-geral de Saúde garantia que “não valia a pena” usar máscaras e de ter adaptado o discurso para a questão da “falsa sensação de segurança”?

Pois bem, mais de seis meses e de 69 mil infeções depois, 1.920 delas fatais, o que não falta é quem continue a cometer erros básicos na utilização da máscara — que desde esta segunda-feira até já está recomendada em espaços abertos, sempre que a distância de segurança entre pessoas seja impossível de cumprir.

Há quem use a máscara abaixo do nariz, quem prefira andar com ela no queixo, quem se esqueça de lavar as máscaras sociais — e tudo isso inevitavelmente fará com que o seu propósito, proteger as vias respiratórias do contágio com o coronavírus, não seja cumprido, proporcionando, ainda assim, aos seus utilizadores a tal sensação de que falava Graça Freitas.

Porque seis meses, sobretudo em tempo de pandemia, é muito tempo, o diário El Mundo decidiu organizar o top 7 dos erros mais comuns (e graves) em que os espanhóis incorrem na hora de colocar a máscara. Que aliás podiam ser as falhas mais frequentemente cometidas por portugueses, ou por cidadãos de quaisquer outras nacionalidades do mundo (tirando talvez os asiáticos, que levam uns anos de vantagem no campeonato da máscara), — a imagem que ilustra este artigo, por exemplo, foi captada em Caerphilly, uma cidade no sul do País de Gales, no Reino Unido.

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Saiba quais são eles e perceba por que motivos são considerados erros. Já agora, aproveite para ver se algum dos sete lhe é particularmente familiar.

Boca tapada, nariz de fora

Uma vez que serve para proteger as vias respiratórias, principais fontes de contágio e propagação do SARS-Cov-2, tapar a boca com a máscara mas deixar o nariz de fora é o mesmo que andar com o rosto completamente destapado — uma via aberta para a entrada de potenciais vírus.

Para proteger eficazmente da Covid-19, as máscaras não só devem cobrir toda a cara, assentando abaixo dos olhos, como devem também ter uma dimensão adequada à própria anatomia de quem as usa — é por isso que existem máscaras de diferentes tamanhos, para adultos e crianças; e que algumas delas têm tiras de metal moldáveis ao nariz, para que não sobrem entradas de ar e o tecido esteja mesmo rente à pele.

É exatamente por esta necessidade de aderência que as autoridades de saúde recomendam ainda que as barbas compridas sejam postas de parte nesta altura de pandemia — impedem que a máscara se cinja ao rosto. Quando em dúvida sobre se o seu estilo de barba é compatível com a utilização de máscaras, basta consultar a infografia feita pelo Centro de Controlo e Prevenção de Doenças americano, bem antes de o mundo ser assolado pela Covid-19. Do Zappa ao Garibaldi, passando pelo pincel, pelo Zorro e pelo Fu Manchu, 36 estilos de pilosidade facial estão cobertos pelo documento.

Máscara pendurada na orelha ou no queixo

Baixar a máscara, quando ela não é obrigatória ou na ânsia de respirar livremente uns minutos, e deixá-la sobre o queixo é uma espécie de pecado capital. Pior ainda do que deixá-la a pender da orelha, o que também não é muito aconselhável, já que o seu interior fica exposto a quaisquer contaminações, que podem depois levar a infeções, quando o pedaço de tecido voltar ao seu lugar, sobre a boca e o nariz.

De acordo com os virologistas, diz o El Mundo, deixar a máscara no queixo faz com que aumentem as probabilidades de ela se molhar, com suor, humidade ou saliva — sendo que uma máscara molhada não só não protege contra a entrada de agentes virais como até a favorece.

É exatamente por isso, explica o jornal espanhol, que as máscaras devem ser inutilizadas quando molhadas (como, já lá iremos, daqui a uns erros).

Cotovelo, pulso, bolso? Tudo errado

Já será uma espécie de moda — pandemia 2020, primavera, verão, outono e inverno — o hábito de colocar as máscaras em pausa à volta do pulso ou do cotovelo. De acordo com os especialistas, nada mais errado. No fundo, e uma vez que as recomendações das autoridades de saúde até vão no sentido de que se tussa ou espirre para o cotovelo, que também tende a ser utilizado por muitos para abrir portas ou tocar em botões de elevador, o que estamos a fazer é a colocar as máscaras, que deviam proteger-nos, em contacto direto com todos os agentes que tentámos evitar antes.

Guardar máscaras nos bolsos das calças ou do casaco também não será prudente: para além de existir sempre o risco real de danificar ou inutilizar o filtro; aumenta a probabilidade de contágio, já que a parte exterior da máscara, a barreira que deverá impedir os vírus de entrar, acaba por ser também manuseada.

O ideal é arranjar um saco plástico ou uma bolsa e usá-los estritamente para guardar as máscaras entre momentos de utilização. Melhor ainda, acrescenta o El Mundo, para facilitar, é que nos habituemos a manusear as máscaras como objetos potencialmente contaminados.

Tocar na máscara sem as mãos desinfetadas

Esta também é daquelas em que, ao longo do último meio ano, Graça Freitas tem insistido — mas independentemente disso, quantas vezes por hora diria que toca na máscara que tem sobre a cara? Pois.

Para além de devermos pegar na máscara que vamos colocar com as mãos limpas e desinfetadas, devemos segurá-la apenas pelos elásticos, e nunca pela zona frontal — sendo que para a retirar o exercício deverá ser o mesmo.

Depois, e uma vez em uso, devemos resistir a todo o custo àquela vontade de centrar, ajustar ou endireitar a máscara — sob pena de tocarmos na zona mais contaminada do equipamento que utilizamos justamente para evitar que fiquemos doentes.

Reutilizar as máscaras descartáveis

Nos primeiros tempos da pandemia, nem havia equipamentos de proteção individual suficientes nos hospitais e centros de saúde e tornaram-se célebres as notícias de médicos, enfermeiros e outros profissionais de saúde obrigados a racionar e reutilizar máscaras cirúrgicas, que deviam ser descartadas em prazos de 4 horas, no máximo.

Agora, o cenário é outro, portanto repita o mantra: não devo reutilizar máscaras cirúrgicas, usá-las para lá do tempo recomendado ou insistir no uso quando estão sujas ou molhadas.

Por muito que as utilizemos para impedir a passagem do novo coronavírus e prevenir infeções por Covid-19, as máscaras continuarão sempre a potenciar a acumulação de humidade e sujidade que pode promover a formação de bactérias ou outros agentes nocivos para a saúde, explica o El Mundo.

Não descartar corretamente as máscaras

As dúvidas são lícitas e a vontade de reciclar é louvável, por isso eis as respostas: não, as máscaras cirúrgicas não devem ser deitadas fora nem no contentor reservado às embalagens, nem no dos resíduos orgânicos, são lixo comum.

Para proteger os trabalhadores que o manuseiam, aconselha o jornal espanhol, pode sempre subir mais um nível e passar a descartar as máscaras dentro de sacos fechados.

Não lavar (ou lavar mal) as máscaras sociais

Não é por serem de tecido que as máscaras podem ser utilizadas ad aeternum ou manter-se eficazes sem passagens regulares pela máquina de lavar roupa.

Geralmente as embalagens explicam como e com que frequência devem as máscaras sociais ser lavadas, indicando também durante quanto tempo se mantêm eficazes como barreiras antivírus.

O ideal será lavar depois de cada utilização, ao fim do dia, com detergente, mas sem amaciador, que pode entupir a malha do tecido, explica o El Mundo, e temperatura de pelo menos 60°C. Depois de 30 minutos de lavagem, a máscara deverá secar bem — é indiferente se ao ar, numa máquina de secar ou em frente a um secador de cabelo.