Jogou no Estrela da Amadora, no Sporting, no Cova da Piedade, no Peniche, no Olhanense, no Belenenses, no Riopele, no Juventude de Évora, no U. Leiria e no V. Setúbal antes de lá chegar. Na temporada 1983/84, quase com 30 anos, Jorge Jesus era um dos médios do Farense na Primeira Divisão. Treinado por Manuel Cajuda, colega de Mészáros, Alhinho e Mário Wilson, o agora treinador fez 24 jogos nesse ano sem marcar qualquer golo.
Este domingo, Jorge Jesus reencontrava o Farense. Um Farense que andava arredado da Primeira Liga desde 2001/02 e que este domingo voltava ao estádio de um dos “três grandes” do futebol português e ao ponto mais alto da modalidade a nível nacional. E na conferência de imprensa, Jesus não esqueceu precisamente essa passagem pelo Algarve e pelo clube de Faro. “Fico extremamente satisfeito pelo Farense ter regressado à Primeira Liga. É um clube onde joguei, gostei muito, numa cidade de futebol, que tem paixão pelo futebol, e fico feliz por ter voltado ao escalão máximo do nosso futebol”, disse o treinador do Benfica.
Ficha de jogo
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Benfica-Farense, 3-2
3.ª jornada da Primeira Liga
Estádio da Luz, em Lisboa
Árbitro: Tiago Martins (AF Lisboa)
Benfica: Vlachodimos, André Almeida, Otamendi, Jardel (Ferro, 74′), Grimaldo, Rafa (Pedrinho, 55′), Gabriel (Weigl, 55′), Pizzi, Cebolinha, Waldschmidt (Seferovic, 55′), Darwin (Chiquinho, 88′)
Suplentes não utilizados: Helton Leite, Gilberto, Nuno Tavares, Gonçalo Ramos
Treinador: Jorge Jesus
Farense: Defendi, Alex Pinto, César Martins, Cássio Scheid (Bura, 90+3′), Fábio Nunes, Cláudio Falcão (Mansilla, 67′), Amine, Fabrício Isidoro (Hugo Seco, 81′), Ryan Gauld, Lucca, Stojiljkovic (Patrick, 81′)
Suplentes não utilizados: Hugo, Filipe Melo, Miguel Bandarra, Alvarinho, Pedro Henrique
Treinador: Sérgio Vieira
Golos: Pizzi (15′), Lucca (54′), Seferovic (79′ e 87′), Patrick (90+5′)
Ação disciplinar: cartão amarelo a Fábio Nunes (34′), a Gabriel (50′), a Otamendi (52′), a César (63′), a André Almeida (71′), a Lucca (89′)
Na Luz, contra o Farense, Jesus realizava a primeira partida sem Rúben Dias, que este fim de semana já se estreou pelo Manchester City, sem Carlos Vinícius, que já foi confirmado no Tottenham, e com Otamendi, totalmente integrado depois de envolvido no negócio do central português. E na antevisão, para além de elogiar o Farense, decidiu desde logo dar várias pistas em relação ao onze inicial: com Vertonghen lesionado, Otamendi seria titular ao lado de Jardel e não de Ferro e Gonçalo Ramos, o avançado de 19 anos que a dada altura pareceu estar fora das contas, iria ser convocado. Um dia depois, tudo se confirmou.
Mas mais do que o reencontro entre Jesus e o Farense e o primeiro jogo do Benfica com uma defesa orfã de Rúben Dias, esta partida podia significar o deslocar inicial entre os dois grandes candidatos ao título. O FC Porto perdeu este sábado no Dragão com o Marítimo e o Benfica, vindo de duas vitórias seguidas com sete golos marcados e apenas um sofrido, podia desde já cavar uma distância de três pontos para os atuais campeões nacionais. Mais do que isso, podia começar a alicerçar uma distância importante numa altura em que parece cada vez mais que a equipa de Sérgio Conceição vai perder Alex Telles e Danilo Pereira, duas traves-mestras do grupo — e que o Benfica, depois de Rúben Dias, não deve ficar sem qualquer outro nome importante.
????????Otamandi faz a estreia como jogador do ????Benfica
⚠O último jogo de Otamendi na Liga???????? tinha sido em janeiro de 2014, precisamente no Estádio da Luz, ao serviço do FC Porto pic.twitter.com/ZSgbpAHkZS
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Em resumo, o Benfica podia tornar-se líder isolado em caso de vitória; o Farense procurava os primeiros pontos depois de duas derrotas nas duas primeiras jornadas. O onze inicial dos encarnados confirmava precisamente aquilo que Jesus tinha indicado: Jardel e Otamendi formavam a dupla de centrais, Gabriel mantinha-se na fase mais recuada do meio-campo, Weigl continuava no banco e Pizzi repetia a titularidade face à lesão de Taarabt. Na frente de ataque, com o apoio de Rafa e Cebolinha, estavam Waldschmidt e Darwin. O Benfica começou o jogo com mais bola, de forma natural, mas o primeiro lance de perigo pertenceu ao Farense graças a uma atrapalhação dos defesas encarnados que só não deu em golo porque Vlachodimos não deixou (5′).
Do outro lado, Defendi evitou desde logo o golo de Darwin, que rematou de primeira depois de uma assistência de Waldschmidt (8′), e Pizzi ensaiou o golo que acabaria por marcar com um remate rasteiro que passou ao lado (14′). Logo depois, Rafa recuperou a bola numa zona já muito adiantada do terreno, conduziu a transição ofensiva até à grande área e solicitou depois Pizzi, que apareceu em posição frontal para atirar e abrir o marcador (15′). O internacional português, que se estreou a marcar esta época, aproveitou uma movimentação inteligente de Waldschmidt para ficar praticamente sozinho e agradeceu depois a influência de Rafa no lance do golo.
???????? 20' | Benfica 1-0 Farense
O SLB lidera o marcador mas Vlachodimos já foi obrigado a 3 defesas#LigaNOS #SLBSCF pic.twitter.com/J5UTqYeBde
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Cebolinha ainda ficou perto de aumentar a vantagem, com um remate que Defendi encaixou depois de uma boa combinação com Darwin (21′), mas o avançar do relógio ofereceu confiança ao Farense e agudizou a lentidão de movimentos que já se fazia sentir no Benfica. Os encarnados estavam a apresentar uma dinâmica de processos muito inferior e mais lenta do que aquela que mostraram nas duas primeiras jornadas e raramente descobriam a profundidade entre as linhas adversárias. O meio-campo estava muito longe do ataque, Pizzi, apesar do golo, não conseguia desequilibrar, e os dois laterais, André Almeida e Grimaldo, estavam ambos sem capacidade para penetrar nos corredores.
A intenção do Benfica passava principalmente por recuperar bolas em zonas adiantadas do relvado, aproveitando os erros na construção do Farense, e lançar o contra-ataque a partir daí — Rafa, neste capítulo específico, era o melhor dos encarnados e mantinha a responsabilidade de recuar para recuperar que já tinha mostrado nos jogos anteriores. Os algarvios estavam a pressionar alto e conquistaram metros com o passar dos minutos, obrigando até Vlachodimos a uma defesa apertada depois de um cabeceamento de Stojiljkovic (28′), e deixavam depreender que dificilmente iriam abdicar de lutar pelo resultado. Em sentido contrário às prestações de Pizzi e dos laterais, Otamendi estava a ter uma estreia positiva e mostrava capacidade não só para assumir a liderança da defesa como também para transformar um desarme num passe vertical para lançar a transição ofensiva.
Em resumo e na ida para o intervalo, o Farense tinha mais remates do que o Benfica, tinha acertado mais vezes na baliza de Vlachodimos e só não tinha empatado porque o guarda-redes grego não tinha deixado. A equipa de Jorge Jesus, enquanto isso, estava demasiado lenta para conseguir chegar ao segundo golo, não tinha criatividade nem velocidade de pensamento e corria o risco de sofrer o empate se regressasse para o segundo tempo da mesma forma que deixou o primeiro.
???????? INTERVALO | Benfica 1 – 0 Farense
"Águias" na frente mas nem por isso com o jogo controlado, frente a algarvios que obrigam Vlachodimos a ser o inesperado MVP da 1ª parte
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[Carregue nas imagens para ver alguns dos melhores momentos do Benfica-Farense:]
Nenhum dos treinadores fez alterações ao intervalo e a segunda parte demorou pouco a ter história. Logo aos cinco minutos do segundo tempo, Tiago Martins consultou o VAR sobre um lance na grande área do Benfica e considerou que Otamendi fez falta sobre Stojiljkovic. Na conversão, Ryan Gauld permitiu a defesa de Vlachodimos mas um jogador algarvio marcou na recarga; o árbitro, porém, mandou repetir o penálti porque o guarda-redes estava adiantado na altura do remate. Na repetição, a história foi decalcada pela metade e Vlachodimos voltou a defender o pontapé de Gauld, atirando pela linha de fundo (54′). O golo do Farense, porém, pouco ou nada tardaria.
Logo no canto consequente da defesa de Vlachodimos, Lucca apareceu ao segundo poste e aproveitou a marcação permissiva de André Almeida para cabecear com pouca oposição e empatar o jogo (54′). Jesus reagiu com uma tripla substituição e tirou Gabriel, Rafa e Waldschmidt para lançar Weigl, Pedrinho e Seferovic — mas as alterações não tiveram qualquer impacto no imediato e o Benfica acabou por sofrer mais um golo, por intermédio de Fabrício Isidoro e na sequência de uma abordagem errada da defesa encarnada ao lance (58′). A jogada, contudo, acabou anulada por fora de jogo de Gauld ao longo do lance e manteve-se o empate na Luz.
???????? 70' | Benfica 1-1 Farense
Alex Pinto venceu os 3 duelos que disputou com Everton#LigaNOS #SLBSCF pic.twitter.com/17fVnDAiur
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Sérgio Vieira colocou Mansilla em campo, numa alteração que parecia deixar perceber que o Farense queria ir atrás da vitória, mas as limitações físicas dos algarvios começaram a fazer-se sentir. Em oposição e embora mais frescos fisicamente, os jogadores do Benfica não conseguiam desequilibrar nem ser imprevisíveis na frente de ataque, esbarrando na confiante e surpreendente organização defensiva do Farense. Jardel saiu lesionado, o que pode agravar as limitações que Jorge Jesus já tem no eixo defensivo, e o tão procurado golo acabou por aparecer por intermédio de um velho conhecido.
Grimaldo tirou um cruzamento na esquerda e Seferovic, numa das únicas intervenções que teve na partida, apareceu mais alto do que todos os outros a cabecear para colocar o Benfica a ganhar (79′). Chiquinho ainda entrou mas acabou por ser o avançado suíço a garantir a vitória encarnada ao bisar cerca de dez minutos depois na sequência de uma boa combinação com Darwin (87′). Já nos descontos, Patrick ainda reduziu a desvantagem mas foi Seferovic a resolver um jogo surpreendentemente difícil, onde o Farense foi melhor em grande parte do primeiro tempo, foi melhor em grande parte do segundo tempo e teve mais oportunidades para marcar durante todo o encontro do que o Benfica. No fim, o conjunto de Jorge Jesus conquistou a terceira vitória consecutiva e é agora líder isolado da Primeira Liga — num dia em que Seferovic foi a nostalgia necessária quando o passado, aliado a uma exibição apagada e para lá de cinzenta, chegou a assustar e recordou as dificuldades de há poucas semanas.
???????? FINAL | Benfica ???? Farense
Seferovic teve de saltar do banco e bisar, para salvar as "águias" de um visitante audaz que, olhando aos expected goals (xG), merecia algo mais
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