A Interpol lançou este domingo um mandado de captura contra o herdeiro da Red Bull Vorayuth “Boss” Yoovidhya, em fuga desde 2017. Em causa está o atropelamento de um polícia em Banguecoque, Tailândia, em 2012, e a posterior fuga do herdeiro da empresa de bebidas energéticas.

O porta-voz adjunto da polícia nacional tailandesa, Kissana Phathanacharoen, confirma a notificação de um alerta vermelho — o mais grave da Interpol. No total, 194 países têm agora ordem para deter Yoovidhya. 

O também chamado “boss” conduzia um Ferrari a 200 km/h, atropelou um polícia, arrastou-o durante 200 metros e decidiu fugir para a sua mansão, naquela cidade. A polícia tailandesa conseguiu descobriu o responsável, pela deteção das manchas de óleo do automóvel no piso — que levou a polícia até à mansão de Yoovidhya. A Interpol refere que Vorayuth Yoovidhya estava sob efeitos da cocaína. 

Inicialmente, o neto do co-fundador da Red Bull negou os factos, mas acabou por admitir que se encontrava ao volante do carro. Foi depois acusado de excesso de velocidade, atropelamento e fuga, tendo ficado em prisão preventiva. Foi libertado após ter pago uma fiança — mas poderia ainda ser condenado a dez anos de prisão.

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Contudo, nunca foi a tribunal, alegando problemas de saúde, ainda que por essa altura tenha sido visto em estâncias de esqui no Japão. E nem um alegado acordo monetário de 90.000 dólares (cerca de 76.000 euros) com os familiares do polícia morto terão conseguido travar o processo crime.

Este caso também foi visto como uma prova da impunidade que está associada à elite tailandesa — Pornanand Glanprasert, irmão mais velho do polícia morto, afirmara ao The York Times que, como Vorayuth era “poderoso, tinha muitas conexões e muito dinheiro”, era muito difícil culpá-lo por algo.

Em julho de 2020, as autoridades tailandesas decidiram retirar todas as acusações. Segundo o mesmo jornal norte-americano,Vorayuth Yoovidhya tinha já fugido da Tailândia em 2017 e ficou sem qualquer inquérito associado a seu nome.

Num contexto de protestos pró-democracia na Tailândia esta atitude da justiça tailandesa foi mal recebida pela população, tendo sido organizados vários protestos contra a decisão — pedia-se uma justiça mais transparente e equitativa. 

Esta história sofre um volte-face em agosto, com um tribunal de Banguecoque a ordenar novamente a prisão do herdeiro da Red Bull. Os motivos: homicídio, uso de drogas ilícitas e fuga após atropelamento, sem que fosse prestado auxílio à vítima. A reabertura do processo terá acontecido, segundo a imprensa norte-americana, depois de intervenções políticas e do órgão que lidera o Ministério Público no país.

“Faremos de tudo para o encontrar e trazê-lo de volta à Tailândia”, anunciou no domingo a polícia nacional tailandesa. No entanto, o paradeiro do herdeiro da RedBull continua sem ser conhecido.