As primeiras cinco jornadas da Premier League eram um aviso, com os principais favoritos ao título a perderem cinco ou mais pontos nas rondas inaugurais e com apenas uma equipa sem derrotas até este sábado, o Everton (a revelação Aston Villa perdeu com o Leeds na noite de sexta-feira, quebrando a série de quatro triunfos seguidos). E a última ronda era ainda mais um aviso, com o West Ham a resgatar ainda um ponto num encontro em Londres com o Tottenham onde esteve a perder por 3-0 no arranque, viu a goleada bater-lhe à porta mas conseguiu ainda o empate nos últimos 12 minutos, incluindo descontos. Entre jogos de Champions e um início com várias surpresas, era este o contexto com que o Manchester City entrava em campo. E aqui entroncavam as dificuldades.

Luis disse que era hoje o Día(z). Mas a maldição inglesa ainda não caiu (a crónica do Manchester City-FC Porto)

“Parece que está a ser uma temporada de loucos, sim. Existem resultados que ninguém conseguiria antever. Mas a história fala por si mesmo: esta é a liga mais aberta do mundo, onde muitas equipas podem ganhar. O que aconteceu nas últimas três temporadas, com equipas a dominarem e a chegarem aos 100 pontos ou quase, foi uma situação excecional. Talvez a normalidade venha este ano… As equipas que têm sete ou oito dias para prepararem os jogos levam uma grande vantagem, é por isso que todos podem perder em qualquer campo”, destacou Pep Guardiola na antecâmara do encontro, admitindo que não só o Manchester City mas também o Liverpool não consigam destacar-se dos demais como aconteceu nos últimos anos em que lutaram pelo título.

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Depois de uma chegada mais atribulada a Londres, onde o avião que transportava os convocados teve de desviar do aeroporto de London City para Stansted devido a um problema no sistema de travagem que não permitia uma aterragem segura numa pista mais pequena, a curiosidade passava por perceber como e com quem iria o espanhol a jogo, recuperando não só a recente vitória frente ao FC Porto, no habitual 4x3x3, mas também o triunfo diante do Arsenal, onde Guardiola experimentou um 3x1x4x2 que apanhou todos de surpresa até por colocar João Cancelo como interior no meio-campo e Bernardo Silva mais solto entre linhas como acontecia com David Silva. Lá atrás, sem companheiro direto no eixo, estava Rúben Dias. E mais uma vez voltou a fazer parte do onze.

A revolução de Pep Guardiola funcionou: Bernardo fez de Silva, Cancelo cumpriu no meio-campo e City ganhou ao Arsenal

“Veio do Benfica em grande forma e integrou-se bem. Ainda precisa de algum tempo para se adaptar a algumas situações e ideias, ganhar outro ritmo, mas é um rapaz disponível para aprender”, comentou o treinador sobre o antigo central encarnado, já depois de ter elogiado a sua liderança mas recusando qualquer comparação com o antigo capitão Vincent Kompany: “Sinto que o Rúben e o Aké são verdadeiros defesas. Tenho de ajudá-los a crescerem e a criarem espaços para jogar da forma que pretendemos mas isso trabalha-se nos treinos. No entanto, será um grande erro comparar o Rúben ao Vincent Kompany. O Vincent é único e o Rúben ainda é jovem. É um jogador líder, irá comandar esta equipa mas tem apenas 23 anos. Estamos encantados com o que já vimos”.

O português acabou por estar em “destaque” no golo inaugural do West Ham, que começa num aparente toque com o braço de Soucek mas que teve depois uma fantástica meia bicicleta de Michail Antonio na área com Rúben Dias colado a si a perturbar a ação sem resultados práticos (18′). E já antes podia ter brilhado na área contrária, com o domínio no peito antes do remate a ser suficiente para a defesa da casa conseguir cortar a bola para canto. Todavia, esta foi mais uma primeira parte falhada em termos coletivos, com os comandados de Guardiola a terem grande dificuldade para superarem as linhas juntas e baixas dos hammers e criarem chances que pudessem levar o jogo empatado para o intervalo também pela falta de velocidade na circulação no último terço.

Com a mesma equipa que tinha derrotado o FC Porto, o Manchester City mexeu ao intervalo. Até de forma algo surpreendente, abdicou do único avançado mais de área que tinha, Kun Agüero, para apostar na mobilidade de Phil Foden, tentando encontrar outras armas para quebrar a densa muralha defensiva dos londrinos, e seria mesmo o jovem médio ofensivo inglês a marcar o empate na área, após assistência de João Cancelo (51′). Os citizens melhoravam e com grande influência do lateral português que voltou a jogar à esquerda, sempre envolvido nas ações ofensivas para criar os desequilíbrios que faltavam na frente e a arriscar também a meia distância (65′). No entanto, faltava algo mais que nem a entrada de Kevin de Bruyne conseguiu fornecer, nem de bola parada. E João Cancelo, o melhor do City, mostrou que pode fazer muito em várias posições mas não chega para tudo.